Livreiros comentam decisão da Amazon de facilitar a venda de livros importados
PublishNews, Leonardo Neto, 28/04/2015
Empresários dizem que não vão deixar de importar livros, mas reconhecem que será difícil fazer frente à Amazon

Livreiros escutados pelo PublishNews dizem que não foram pegos de surpresa com a decisão da Amazon de facilitar a venda de livros importados no Brasil. Desde sábado passado, a loja brasileira da gigante de Jeff Bezos tem vendido livros importados em Reais, sem IOF e nem frete internacional. “Não estou nem um pouco surpreso e não há dúvidas de que em pouco tempo a Amazon vai dominar o mercado de livros importados no Brasil”, disse Alexandre Martins Fontes, da Livraria Martins Fontes. “Como consumidor, eu só tenho a agradecer à Amazon. Saber que posso comprar no Brasil com preço mais baixo, só tenho a agradecer!”, declarou. Para o livreiro e editor, não vai ter para ninguém nesse segmento. “Não consigo ver nenhuma empresa brasileira capaz de fazer frente à Amazon. Eles compram nos EUA em condições muito favoráveis e são muito eficientes. Com a Amazon não tem para ninguém”, disse. Mas isso não assusta Martins Fontes. “Não vou passar a importar menos por causa disso. Produtos que achamos que tem mercado, vamos continuar importando e vendendo normalmente”, disse.

Alexandre afirma que as vendas na filial da Avenida Paulista cresceram 15% no primeiro trimestre de 2015 frente ao mesmo período de 2014 e as vendas de abril apontam crescimento de mais de 30% em relação a abril do ano passado. “Alguma coisa certa estamos fazendo para que a nossa livraria esteja crescendo e não é o preço”, conclui. “Eu acredito totalmente nas livrarias independentes. Fico feliz que elas estejam renascendo nos EUA e isso está acontecendo porque prestam um serviço para a comunidade”, argumenta o livreiro. Na Livraria da Travessa, livros importados ocupam 12% do espaço das lojas. Mas a decisão da Amazon também não assusta Rui Campos, fundador e um dos sócios da casa. “Com a chegada da Amazon, a expectativa era de queda nas vendas, mas isso não aconteceu”, disse Rui esperançoso.

Outro que tenta manter esperanças é Afonso Martin, presidente da Associação Nacional de Livrarias. “A gente não pode prever o futuro, mas a gente espera uma predominância da Amazon no segmento de livros importados e, diante disso, temos que buscar alternativas para concorrer”, disse ao PublishNews. “Os empresários vão tomar caminhos mais saudáveis para seus negócios. Com certeza não vão bater de frente, mas vão ter que encontrar alternativas”, completou.

Impressão por demanda

Uma das alternativas para fazer frente à decisão da Amazon é a impressão por demanda (POD, press on demand, em inglês). Nesse processo, livros de catálogos internacionais ficam disponíveis para impressão por demanda aqui no Brasil. No País, atualmente, há duas plantas em processo de implantação: a da BookPartners e a da i-Supply. “Tenho certeza de que é uma alternativa”, defende Eduardo Cunha, da BookPartners, que promete para julho a finalização da implantação da sua planta de POD no Brasil. Só a Ingram, um dos possíveis parceiros das plantas de POD no Brasil, tem 13 milhões de títulos, dois milhões deles já licenciados para impressão por demanda no Brasil. Uma vez instaladas as plantas de POD no Brasil, consumidores poderão encomendar livros em suas livrarias de preferência. O varejista manda o pedido à gráfica de impressão por demanda que confecciona o livro e entrega. O mesmo processo vale para livros de fundo de catálogo e esgotados em estoque.

[28/04/2015 00:00:00]