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A arte de ser prolixo
PublishNews, 12/09/2013
A arte de ser prolixo

Brasileiro que se preze tem que complicar, burocratizar e transformar tudo o que é simples em algo bem complexo.

Ao fazer isso, as pessoas te admiram, e veem o quanto se esforçou para resolver algo intrincado e difícil.

Se você simplifica, que graça tem? Que louros você colhe? Que reunião você gera? Que agenda você lota?

Veja bem, meu amigo, vamos com calma, pois esta coluna veio para deixar as coisas complicadas, não para simplificar.

Vou listar – e não listo simplesmente, estou dizendo que listarei, assim consomem-se mais minutos de sua vida e mais linhas da minha página:

- Quando receber alguma tarefa, faça cara de complicação… Respire fundo… Olhe para o computador, como se procurasse um pixel. E diga finalmente: vamos marcar uma reunião.

- Reunião: abuse delas. Comece falando do problema que todos já conhecem, como se em nenhuma corporação existisse fofoca. Dê voltas (nada de ir direto ao assunto), jogue indiretas para as pessoas, afinal, você não quer que entendam, correto? Se entenderem, negue! Chame de louco. Logo depois se instale na frente de um quadro branco e comece a desenhar esquemas ilegíveis. Escreva por cima. Certifique-se de não estar dizendo algo clara e precisamente, mas um mundo de coisas desconexas. Mas finja que faz sentido.

- Responda seus emails com textos de mais de nove linhas. Nove é o número ideal. Ou uma linha só, que seja uma pergunta genérica, do tipo “E aí?”, ou “Tudo resolvido?”, “Como estamos?”. Uma boa opção é dar incentivos a coisas já em andamento. Do tipo: isso mesmo, faça exatamente o que está fazendo, se empenhe e resolveremos tudo. (entenda-se: isso, continue lendo meu email, perca tempo e todos acharão que a solução saiu de mim, e não do caboclo que está botando a mão na massa).

- Seja negativo sempre! Isso é importante. Sempre veja as soluções como um problema. Afinal, você não deseja de fato solucionar nada, concorda?

- Ao explicar como resolveu algo, demore, explique e descreva a conversa que tiveram e destaque o quanto foi brilhante com determinada tirada, como deixou o interlocutor desconcertado, como fez uma pegadinha e o outro, coitado, se deu mal… Isso é muito útil!

- De todos os problemas da empresa, atenha-se ao de menos valor. Deixe os grandes problemas para lá, afinal, alguém deve resolver.

- Crie uma conspiração. Essa é uma boa dica. De preferência aquelas de perseguição. “Alguém falou que falaram isso num outro continente”… Não se esqueça de nunca ser direto, vai que alguém resolve confrontar e simplificar a situação perguntando simplesmente se o que fulano falou é realmente verdade.

- Saiba quem enrolar e quem envolver. Quanto mais prolixo e insatisfeito, mais ele vai te ajudar.

- Dê mais valor a hierarquia e modelos empresariais antigos – a inspiração aqui devem ser os quartéis. Meritocracia é coisa de ‘gentinha’. Não demita, não mude, não promova gente com menos de 75 anos! Afinal, o que jovens sabem da vida, hein?

- Por fim, para colocar a cereja no bolo, pergunte numa reunião de trabalho: qual é o futuro do livro?

Pronto. Seguindo meu guia, estarás pronto para o nada, para a inércia, para encher o saco de gente que quer ver resultados e conquistas, para afastar essas desagradáveis pessoas produtivas de perto de você. Eca!

Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.

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camila.cabete@gmail.com (Cringe!)

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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