E-book world tour
PublishNews, 13/12/2012
E-book world tour

Estive ausente por um tempo. Estava em uma viagem de duas semanas, entre o Brasil, Portugal e Nova Iorque. O furacão Sandy e eu tivemos um pequeno rendez-vous, então não preciso dizer que ter 100 livros não lidos e bateria cheia no meu Nook foi uma benção. E assim duas semanas viraram quatro.

Ainda no espírito da viagem, eu achei que nós poderíamos fazer um tour dos e-books pelo mundo, começando pelo local de nascimento do e-reader moderno, o Japão.

Japão – Além dos romances nos celulares que mencionei no meu último post, o Japão tem outra mania de leitura digital – o mangá. O mangá móvel é a maior força da leitura digital no Japão, em uma população que consome duas vezes mais livros-texto que a dos Estados Unidos. Do ponto de vista de um publisher é interessante ver que existe uma divisão entre editoras e gráficas. Editores descobrem, fazem a curadoria e comercializam ótimo conteúdo. Gráficas fazem o layout, o projeto gráfico e produzem (fisica ou digitalmente) o meio.



Estados Unidos – Há cobertura suficiente desse mercado, então não é preciso outro gringo para falar sobre ele. Eu acho interessante (e pouco falado pela mídia) que as previsões atuais estimam um mercado de e-book que corresponderá a 50% do mercado editorial até 2016. 50% de um mercado em crescimento. Também acho interessante ver que grandes editoras não estão mais brigando com o mercado de autopublicação, e sim abraçando-o como uma forma de achar bons novos autores. E.L. James vem à mente (estou usando o termo “bom” de forma bem liberal, no sentido de “boas vendas”).

China – Não há cobertura suficiente desse mercado. Pergunta: o que acontece quando você mistura e-readers de US$ 50, e-books de US$ 2 e 1.000.000.000 de assinantes de conteúdo móvel? Resposta: muita leitura digital. E com a política do “filho único”, significa que existem quatro avós e dois pais mimando cada criança no país com todos os aparelhos eletrônicos e e-books que eles desejarem.

Europa – Ah, o velho continente. Reino Unido: 20% de imposto sobre e-books vs. 0% de imposto sobre livro impresso. Suécia: 25% de imposto sobre e-books vs. 6% de imposto sobre livro impresso. Por que se preocupar em entregar conteúdo com maior conveniência e quase zero impacto ambiental quando você pode taxar inovações a ponto de eliminá-las? O que eu acho interessante é como os leitores do Reino Unido preferem consumir o conteúdo no computador a qualquer outro tipo de aparelho de leitura. Quem disse que você precisa de um Kindle para ler um e-book?

Brasil – Você achou que eu tinha esquecido? Nunca. Bem, a tinta ainda está fresca no capítulo brasileiro da história do e-book. Mas vale ressaltar: três empresas internacionais respeitadas estreando na mesma semana não podem estar erradas. Nós temos uma população sedenta por qualidade de informação (que passa mais tempo na internet que qualquer outro país); que valoriza a educação (50% dos livros vendidos são para fins educacionais), e que está aberta a novas tecnologias (uma das maiores taxas de compra de smartphones do mundo). Pessoas que não descobriram as alegrias da leitura podem descobrir as alegrias da leitura digital.

Vou continuar com meu e-book world tour no Oi Futuro Flamengo, no dia 18 de dezembro, e Oi Futuro Belo Horizonte, no dia 19. Espero vê-los por lá.

[12/12/2012 22:00:00]