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Uma experiência com livros de arte impressos, em plena era digital
PublishNews, 03/11/2011
Cindy fala com Lee Ripley, da Vivays Publishing, de Londres, uma editora curiosa, que nasceu durante a crise mundial e decidiu investir em livros impressos de arte, na suposta era dos e-books

Começo hoje minha série de conversas com editores, assistentes e afins que trabalhem fora do Brasil. Quero tentar falar com a maior quantidade de pessoas porque acredito na “cura pela palavra” e entendo que, quando estamos em um momento de dúvidas, só encontraremos respostas ou caminhos se trocarmos informações, mesmo as que parecerem não ter qualquer relação aparente. Meu método de escolha dos entrevistados é simples: quem aceita meu convite.=)

Hoje falo com Lee Ripley, da Vivays Publishing, de Londres, uma editora curiosa, que nasceu durante a crise mundial e decidiu investir em livros impressos de arte, na suposta era dos e-books.

A entrevista foi feita por e-mail. Como boa editora, ela organizou nossa conversa em tópicos. A tradução é de Julia Tolezano. Boa leitura!

História da editora

A empresa começou no outono de 2010. Na época, contava com apenas quatro pessoas. Duas haviam trabalhado na Laurence King Publishing, as outras na Taschen. Juntos, somávamos mais de cem anos de experiência na área editorial internacional! Com a ajuda de um editor russo, Sergey Ivlev, a Vivays Publishing nasceu.

Experiência na área

Comecei a trabalhar na área editorial em 1978. Meu primeiro emprego foi na Little, Brown & Company, em Boston, Massachusetts. Em dez anos, cresci na empresa, passei de assistente de marketing a editora de aquisição. Depois da Little, Brown trabalhei em uma editora de livros de referência para livrarias. Infelizmente, a empresa foi comprada por uma maior e não existe mais.

Em 1989, fui para Londres e logo entrei para a Gale Research International, como editora-chefe, para organizar o programa editorial do Reino Unido. Em 1993, fui nomeada editora-chefe do Laurence King Publishing.

Background educacional

Sou bacharel em Literatura Inglesa pela Tufts University. Depois de trabalhar por uns dois anos, e antes de começar minha carreira editorial, fiz mestrado em Educação.

Ainda que eu não tenha feito cursos na área de edição, acho que eles podem ajudar a quem pretende seguir carreira no ramo. Acredito que uma graduação é tão importante quanto manter-se sempre informado culturalmente e não ficar alienado das atualidades. Ficar ligado no que está acontecendo no mundo geralmente é uma boa fonte de ideias para livros. Além disso, em qualquer área da produção editorial, conseguir se comunicar verbalmente e por escrito é uma habilidade importantíssima, obviamente.

Experiência internacional

Hoje, o mercado editorial tem uma forte troca global, o que gera uma exposição extremamente útil do que os outros países fazem, e o que funciona (ou não). Não acho essencial trabalhar fora de seu país, já que temos acesso a tanta informação pela internet.

Minha experiência nos Estados Unidos, e depois no Reino Unido, deixou claro que quem é da área de produção editorial, independentemente do lugar em que trabalha, compartilha o mesmo interesse em produzir bons livros e em comunicar-se com seus leitores. É claro que há diferenças. Uma das maiores que notei é o design dos livros, especialmente das capas. O que fica bom em um país pode ser visto como antiquado em outro, por exemplo.

O processo da produção editorial

Primeiramente, uma empresa quer livros que vendam. A renda das vendas e do departamento de marketing é crucial, por isso a importância da renda que os livros vão gerar.

No caso do processo de aquisição, algumas vezes abordamos autores e perguntamos se estão interessados em escrever sobre um assunto em particular. Outras vezes, são os autores que chegam com propostas para um livro. Em todos os casos, o primeiro estágio é a apresentação de uma proposta que descreve como o livro é, e para quem é (público). Se a proposta for aceita, o autor é selecionado. Uma vez com o manuscrito, nós o lemos e, dependendo do assunto, enviamos para um leitor externo. Posteriormente, o manuscrito pode passar por um copidesque, ou simplesmente ser revisado.

Como temos foco em livros ilustrados, as imagens são um aspecto importante de cada título. Assim, prestamos atenção na escolha e na qualidade de cada fotografia ou arte a ser inserida no livro.

O material (texto e imagem) é entregue para o designer, que faz o layout do livro. Uma vez aprovado, esse layout é encaminhado para a verificação e, finalmente, para a impressão. A gráfica manda uma prova do livro para que possamos checar se houve alguma falha entre a verificação e a impressão.

Existem muitos outros passos, mas esse é o processo básico pelo qual todos os livros passam. O modo de fazer foi revolucionado ao longo dos anos, e agora quase todos os passos são feitos eletronicamente.

Livros eletrônicos

Espero que ainda exista uma ou outra livraria pelas ruas em dez ou vinte anos, mas acredito que esta se torne apenas uma das formas de se comprar livros. O mesmo serve para os formatos. Dos impressos aos e-books e aplicativos, as editoras devem responder ao que o público leitor quer — ou não quer. Em muitos casos, as editoras vão fornecer múltiplas plataformas para a entrega de livros ou de partes selecionadas deles. Mesmo que os métodos para criar versões eletrônicas de livros com muitas ilustrações ainda não alcancem boa qualidade de imagem como a que encontramos numa versão impressa, a tecnologia está avançando tão rápido que, no futuro, isso provavelmente estará corrigido. Acredito que devemos estar preparados para nos adequar rapidamente a qualquer mudança.

Pessoalmente, adoro meu Kindle e o vejo como uma maneira conveniente e maravilhosa de ter uma biblioteca comigo quando viajo. Mesmo que eu também tenha meus livros impressos favoritos, há livros no meu Kindle que provavelmente vou deletar depois de lê-los. De fato, mais ecológico.

Mercado brasileiro

Considero o mercado editorial brasileiro muito dinâmico e instigante. No momento, estamos trabalhando com uma editora brasileira, mas sempre procuramos novas oportunidades de coedição.

Cindy Leopoldo é graduada em Letras pela UFRJ e pós-graduada em Gerenciamento de Projetos pela UFF. Em 2015, cursou o Yale Publishing Course e, em 2020, iniciou a especialização em Negócios Digitais, da Unicamp. Trabalha em editoras há uns 15 anos. Na Intrínseca, onde trabalhou por 7 anos, foi criadora e gerente do departamento de edições digitais e editora de livros nacionais. Atualmente, é editora de livros digitais da Globo Livros.

Escreve quinzenalmente, só que não, para o PublishNews. Sua coluna trata de mercado editorial, livros e leituras.

Acesse aqui o LinkedIn da Cindy.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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