Vamos começar com as definições: de acordo com Wikipedia “Metadados (DD ou Dicionário de dados), ou Metainformação, são dados sobre outros dados. Um item de um metadado pode dizer do que se trata aquele dado, geralmente uma informação inteligível por um computador. Os metadados facilitam o entendimento dos relacionamentos e a utilidade das informações dos dados.” (não falei que este povo de TI gosta de complicar?)
Esta coluna é sobre o mercado editorial digital, então você pode se perguntar: “o que metadado (em inglês, metadata) tem a ver com isso?”
Soube, através de experientes editores, que havia um tipo de “marketing de balcão”, em que eles começaram a aumentar os tamanhos dos livros para que, no balcão das livrarias, suas obras tapassem os de formatos menores. “Esconder a concorrência” surtiu um efeito nas vendas, pois os menores livros ficavam no fundo e o leitor tinha acesso primeiro aos de capa maior.
Um livro digital é um arquivo, colocado em determinados sistemas para distribuição, e será encontrado via buscas e links na Web. O metadado é colocado no livro na hora da conversão. A importância do metadado é parecida com a importância dos tamanhos dos livros impressos que acabei de descrever: um livro com metadado incompleto é um livro no fundo do balcão, escondido atrás das prateleiras e só por acaso um leitor chegará à ele. Ao se fechar o arquivo, é muito importante colocar todas as informações possíveis sobre a obra: autor, título, sinopse, editora, ISBN, língua, país, CDD...
Como saber que um livro digital não possui metadado completo? Geralmente o nome de exibição aparece truncado e errado, ao clicar e ver as propriedades do arquivo, elas estarão em branco... E o pior: numa busca via Web a obra não será encontrada. Para que isso não aconteça, existem formas simples de preencher metadados de PDF, com programas específicos, no InDesign na hora da conversão dos arquivos, e no próprio arquivo do ePub (este um pouco mais complicado, mas nada impossível, pois é necessário descompactar o arquivo e abrir um xml para editá-lo - o content.opf).
Algumas livrarias, como viram que não possuiriam informações suficientes nos arquivos, pois o preenchimento destes não faz parte da rotina das editoras, dispuseram uma tabela (Excel ou via web) na hora de cadastrar as obras digitais para a venda. Tudo o que preenchessem estaria linkado ao livro e ajudaria os leitores e internautas a encontrarem um caminho que levasse até ele. É de extrema importância que preencham tudo o que for possível, mas foi com grande surpresa que, trabalhando em uma livraria digital, descobri que as editoras não têm esse hábito. A equipe de desenvolvedores e administradores do site (coitados) penam buscando as informações de livros e, ainda assim, não fica completo como deveria, se fosse preenchido pelo editor.
As tags também são de extrema importância! Definição: “uma tag, ou em português etiqueta, é uma palavra-chave (relevante) ou termo associado com uma informação (ex: uma imagem, um artigo, um vídeo) que o descreve e permite uma classificação da informação baseada em palavras-chave. (Fonte: também a Wikipedia)”
Por exemplo: se eu for lançar uma obra de literatura infanto-juvenil, como foi o caso da Caki Books com o livro A Terra do Contrário (olha o jabá aí, minha gente!), quais tags deveria colocar (geralmente as livrarias têm este campo para ser preenchido no ato do cadastro da obra – key words)? Colocamos: infantil, juvenil, terra, contrário, autor, editora, ilustrador, mp3, pdf, avesso, literatura, brasileira e por aí vai... Isso facilitará na indexação de sua obra nas buscas pela internet. A Amazon que o diga! A livraria digital do Kindle é tão grande por conta também de seus metadados. Lá, cada produto é tão bem descrito e tão bem indexado na Web, que tudo o que buscar acabará caindo em sua página. Se ainda não tinha reparado nisso, dê uma olhada e compare com os sites brasileiros.
Publicar um livro sem metadado é ter um filho e não dar nome ao coitadinho. Mas isso não me explicaram antes... Só fui aprender de verdade trabalhando na livraria digital e vivenciando os ataques de histeria dos meus queridos amigos desenvolvedores (hihi, eles vão me matar por escrever isso aqui).
Quanto à pergunta do início do post (“o que metadado tem a ver com mercado editorial digital?”) a resposta é simples – e agora acredito que você, leitor, também concorda comigo – TUDO A VER!
Falamos do ato de classificar e mostrar suas obras convertidas para o digital (mas por favor, leiam englobando também suas obras impressas e tudo o que comercializarem ou divulgarem via Web). No próximo post falaremos sobre a entrada dos livros digitais no mercado e sobre minha experiência como Editora na comercialização do meu acervo em diversas plataformas. Gostaria de pedir que enviassem dúvidas e sugestões via Twitter e Facebook. Não quero ficar falando sozinha por aqui. Combinado?
Links relacionados ao assunto:
http://radar.oreilly.com/2011/01/metadata-digital-publishing.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metadado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tag_(metadata)
Agradecimentos: @souzalaura pela revisão e sugestão, @sicurow pela ilustração e @batdanielfosco pelo link da O’Reilly.
Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.
camila.cabete@gmail.com (Cringe!)
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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