700 mil livros vendidos na Bienal de Minas
PublishNews, Redação, 24/05/2010
Feira terminou ontem em Belo Horizonte com um público estimado em 250 mil visitantes e faturamento de cerca de R$ 10 mi

A Bienal de Minas terminou ontem (23) e nesses 10 dias de feira o volume de livros comprados por visitante cresceu em relação à primeira edição, passando de 3 para 4 volumes por pessoa, segundo pesquisa realizada até sábado (22). A estimativa é de que o faturamento fique em R$ 10,5 milhões. A pesquisa também identificou que para 95% dos visitantes valeu a pena ter ido à feira e 91% pretende voltar em 2012. Nada menos do que 70% dos visitantes compraram livros.

Foram vendidos cerca de 700 mil títulos, volume 36% superior ao obtido em 2008, quando foram comercializadas 513 mil unidades. Além desta venda para o público geral, a Bienal do Livro de Minas também movimentou a receita de R$ 1,086 mi através da parceria com a Secretaria Estadual de Educação, que destinou essa verba para a compra de livros para 25 mil alunos, 1.000 professores e 956 diretores de escolas.

De acordo com a Câmara Mineira do Livro e a Fagga Eventos, organizadores da feira, passaram pelo Expominas 250 mil pessoas, entre os quais 46 mil alunos (em 2008 foram 28 mil).

Para José de Alencar Mayrink, presidente da Câmara Mineira do Livro, os números mostram que Minas é muito receptiva à Bienal. “As editoras já perceberam isso e sabem que não podem ficar de fora deste ambiente cultural, favorável aos negócios e fundamental para consolidar e fortalecer a sua estratégia comercial”, disse. Outro ponto a destacar, segundo ele, é a parceria com a Secretaria de Educação, que contribui significativamente para aproximar os alunos do universo dos livros.

Programação cultural

A programação cultural foi outro destaque do evento. De acordo com Andréia Repsold, vice-presidente da Fagga Eventos, a segmentação dos espaços e a reorganização da grade renderam resultados positivos. "Tivemos muitas sessões concorridas, filas para senhas e a capacidade dos espaços completamente preenchida na maioria das sessões", afirma.

A organização credita o sucesso dos espaços aos curadores, que desenvolveram ao longo de meses de trabalho uma programação diversificada, que abordou gêneros diferentes da literatura atual e clássica, além de levarem, aos visitantes da Bienal, formas diferentes de contato com o livro.

Para a curadora do Café Literário, da Arena Jovem e da Arena Poética, Guiomar de Grammont, a Bienal do Livro de Minas já é um evento consolidado no calendário cultural do Estado. "A gente observou, nesta edição, que o interesse do público vem crescendo bastante. Todas as sessões da programação da Bienal estiveram lotadas, com a presença de um público participativo e interessado. Acredito que se houvesse mais dez dias de evento os mineiros iam adorar. Também notamos um grande prazer nos autores em comparecer", afirmou Guiomar.

O tradicional Café Literário, que teve a curadoria da Guiomar de Grammont, manteve a sua trajetória de sucesso reunindo diversos escritores, jornalistas e pensadores. Os leitores puderam acompanhar bem de perto nomes como Frei Betto, Angela Lago, Rubem Alves, Tatiana Salem Levy, Zuenir Ventura, Arthur Dapieve, Ruy Castro, Mary del Piore, Menalton Braff, Luiz Ruffato, Moacyr Scliar, Alcides Nogueira entre outros.

A Arena Jovem, que também teve a curadoria da Guiomar de Grammont, confirmou o sucesso já realizado na primeira edição, contando com a participação de diversas personalidades do meio literário e jovem, como Fabrício Carpinejar, Fernando Brant, Heloísa Seixas, Rosana Hermmann, Marcelo Barreto, Sidney Garambone, João Gabriel de Lima, Dado Villa-Lobos, Henrique Rodrigues, Tânia Zagury, Heloisa Buarque de Holanda, entre outros.

A Goleada Literária, novidade dessa edição, teve a curadoria de Bob Faria e conquistou o público da Bienal. A atividade contou com a participação de importantes nomes do jornalismo esportivo, entre os quais Milton Leite, Alex Escobar, Marcelo Migueres, Luiz Carlos Osterman, além de personalidades do mundo do futebol como o ex-árbitro e comentarista da TV Globo, Márcio Rezende de Freitas.

O Arena Poética, outra novidade dessa edição para os finais de semana, foi palco de momentos marcantes. Contou com a participação de Fabrício Carpinejar, Claufe Rodrigues, Adélia Carvalho, Jovino Machado, entre outros.

Sob a curadoria de Daniela Chindler, o Circo das Letras foi muito bem recebido pelas crianças e até os adultos aproveitaram a atividade, que ficou quase todo tempo de funcionamento do evento repleto de visitantes. O espaço, que previa cerca de 250 crianças, chegou a ser ocupado por até 600 pessoas nos dias mais movimentados.

"Em um país de não leitores como é o Brasil, não se pode tentar pular da idade da pedra para a era da internet. É isso que está acontecendo. O Brasil pulou a etapa do aletramento, da fixação da cultura literária como uma rotina comum, para a era da tecnologia, sem passar pelo universo de Gutemberg. Nesse contexto, as bienais se mostram como uma tentativa de preencher esta lacuna”, diz o escritor Menalton Braff.

Jacyntho Lins Brandão aprovou o formato do Café Literário. “Gosto quando a coisa não é ensaiada e a gente precisa improvisar. Achei também o público bastante participativo e interessado, colocando perguntas muito inteligentes”.

Para Arlete Guerra Bretãs, diretora da Escola Estadual Santa Maria, de Santa Maria de Itabira, a Bienal é uma ótima oportunidade para desenvolver a leitura. “E a partir do momento que somos atraídos por ela, levamos o aprendizado adquirido para frente, passamos a ser multiplicadores do conhecimento. Aqui encontramos todos os tipos de livros a preços acessíveis, o que facilita no crescimento do nosso acervo pessoal.”

“O mais importante de um evento como este é o incentivo à leitura. Por meio dela, as crianças adquirem grande conhecimento, ampliam horizontes, compreendem melhor a vida e adquirem diferentes visões de mundo. O livro faz a gente viajar”, conta Cátia Aparecida Rodrigues Aniceto, professora da Escola Estadual Nova Contagem. De acordo com ela, os alunos estavam muito empolgados em participar principalmente porque a escola é muita carente e experiências como essa são raras.

“A Bienal está maravilhosa e meus alunos estão encantados. Compraram livros, passearam, estão maravilhados com tudo. É muito importantes termos a oportunidade de estar em um evento como este e de aproximarmos ainda mais o nosso contato com o livro”, comenta Rose Elaine Oliveira, professora da Escola Estadual Professor Samuel João de Deus.

A cobertura dos festivais pelo PublishNews tem o apoio da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
[24/05/2010 00:00:00]