O mistério de Neandertal
O Globo, 05/04/2005
Entre todas as ciências, a paleontologia é uma das que mais está ligada à busca de respostas a perguntas como: "O que somos?", "De onde viemos" ou "Como nos tornamos o que somos?". Em seu livro O colar do neandertal (Globo, 352 pp., R$ 49), o paleoantropólogo espanhol Juan Luis Arsuaga conduz o leitor ao cenário em que se deu o encontro de hominídeos mais decisivo da evolução humana. Há cerca de 40 mil anos, após habitarem durante quase 300 milênios a Europa e o Oriente Médio, os brancos neandertais passaram a ter em seu hábitat a presença de nossos ancestrais recém-chegados da África ― então com a pela mais escura ― os cro-magnons. Depois de aproximadamente dez mil anos dessa convivência no mesmo continente com seus novos vizinhos, os antigos habitantes desapareceram para sempre. Desde quando foi descoberto o primeiro fóssil dessa linhagem, em 1856, no vale do rio Neander, na Alemanha, os neandertais foram considerados nossos antecessores até quase o final do século XX. Hoje, a partir de pesquisas genéticas com material obtido dos seus fósseis, esses hominídeos cada vez mais são compreendidos como uma outra linhagem, como uma outra humanidade, surgida há cerca de 300 mil anos a partir de uma outra espécie ancestral comum ao cro-magnon, o Homo antecessor.
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