Argentina radicada em Paris, Laura Alcoba coloca no livro memórias de infância para resgatar momentos difíceis em que ela morava com a mãe e outros militantes Montoneros na periferia de La Plata. Através do olhar infantil, o leitor é apresentado a um cotidiano tenso e cheio de renúncias e incertezas do grupo de jovens idealistas que cumprem as atividades da organização clandestina enquanto se preocupam em continuar vivos.
"A necessidade de não levantar suspeitas, a vigilância constante, de si e dos outros, a relação cautelosa com os vizinhos, o controle absoluto dos mínimos gestos, das ações mais corriqueiras, atravessam o texto, ao mesmo tempo em que nos atravessam e nos tocam, como leitores", conta Natalia.
"A rigidez dos códigos e das normas a que são submetidos os Montoneros, num contexto em que o golpe de Estado é iminente, parece ainda mais difícil quando imposta a uma criança, de quem se exige o mesmo comprometimento, a mesma dedicação, a mesma compreensão da gravidade da situação vivida", complementa a editora e historiadora.