Desde o ano passado, Marisa Moura tem emprestado o seu espaço aqui no PublishNews para dar voz a uma misteriosa funcionária de uma agência literária fictícia. Ela atende o telefone da agência e, por obra do destino, fala com autores. Acaba dando dicas, conselhos e recebendo pedidos dos mais variados. Na coluna de março, um autor veterano ligou para reclamar do contrato com a editora. Agora, esse mesmo personagem liga para questionar o acerto dos direitos autorais. De maneira muito bem-humorada, a atendente misteriosa foi posta contra a parede, mas foi salva pelo gongo
— Agência literária.
— Você viu?
— O que?
— A prestação de contas que chegou!
— Dos seus livros?
— Lógico que dos meus livros.
— O que tem na prestação?
— Você devia perguntar o que falta na prestação? Falta venda! Só venderam UM livro meu de janeiro a junho. Um só! Você acredita?
— E o que vai acontecer se eu desacreditar?
— Vamos ser dois a duvidar das vendas. Você acha que a editora está me roubando?
— Quem sou para dizer que a editora rouba?
— O que não entendo é que nessa primeira semana de agosto autografei mais de 100 livros em uma só palestra da prefeitura, como não estão lá os 100 livros vendidos?
— Nossa 100 livros. Onde mesmo?
— Cansei escrevo um livro por ano. Participo de mais eventos do que vejo a minha família. E chega essa prestação de contas, isso não pode ser real?
— E que outra realidade tem?
— Vou te contar um plano secreto que pensei agora.
— Conta.
— Vou fazer tudo que prometi para a editora esse ano. Mas o ano que vem se a editora não mostrar mais vendas vou ser faxineiro de escritório de empresa multinacional.
— Por que? Eles pagam bem?
— Sei lá. É raiva mesmo.
— A agente chegou, vou passar o senhor para ela.
— Bip, bip e bip.