Artista da palavra e dramaturgo fundamental da cultura brasileira, Zé Celso – morto nesta quinta-feira (6), aos 86 anos, em São Paulo – priorizou o palco para veicular sua literatura. Em razão disso, muito da produção do mercado editorial brasileiro ao redor do seu nome se concentra em livros com reuniões de entrevistas (geralmente brilhantes e totalmente fora do comum), artigos sobre a produção do Teatro Oficina – sua principal criação – e traduções de sua autoria. Entre elas, estão Heliogabalo ou O anarquista coroado e Para dar um fim no juízo e deus (N-1 Edições), de Antonin Artaud, dramaturgo e poeta francês cujas peças foram encenadas pelo Teatro Oficina ao longo dos anos. Em 1998, a Editora 34 lançou Primeiro ato: cadernos, depoimentos, entrevistas (1958-1974), com textos de Zé Celso e organização de Ana Helena Camargo de Staal, considerado até hoje um dos principais documentos da fase inicial do Oficina. Em 2008, a Azougue Editorial publicou Encontros: Zé Celso Martinez Correa, com organização de Karina Lopes e Sergio Cohn, volume inédito de suas entrevistas com um olhar amplo sobre sua vida e obra. Em uma entrevista ao Estadão, em julho de 2020, durante o isolamento imposto pela pandemia, Zé Celso disse que estava escrevendo um livro sobre a história do Oficina. "É sobre a origem da nossa tragicomédia-orgia do Oficina. Enquanto Nietzsche se inspirou na ópera – ele adorava a Carmen, de Bizet – vou me inspirar nos batuques e no candomblé. Para mim, música não é espírito. É corpo”, disse na ocasião. Clique no Leia mais para ler a matéria na íntegra.

Com uma estrutura bem montada no Estádio Municipal Fausto Alvim, no centro de Araxá (MG), a 11ª edição do Fliaraxá se iniciou nesta quarta-feira (5) com um tributo à educação e uma homenagem aos professores. Na mesa de abertura, o biógrafo e gestor cultural Danilo Miranda, e os curadores do evento Afonso Borges, Sérgio Abranches e Tom Farias conversaram com o público sobre o que o festival promete para os próximos dias. “Vai ficar insuportável com o tanto de gente bonita e elegante que vai passar por aqui”, brincou Farias. Durante a pandemia de covid-19, o Fliaraxá conseguiu – mesmo virtualmente – realizar um evento de peso e que acabou ajudando no crescimento da edição presencial. Com o tema Educação, Literatura e Patrimônio, o Fliaraxá 2023 pretende incorporar a diversidade da literatura brasileira em sua programação. “O Brasil não tem futuro se não se mostrar uma nação pluriétnica e assumir a sua diversidade como sendo, de fato, fonte da sua riqueza”, disse Sérgio Abranches sob aplausos do público. “Queremos mostrar como é viva a cultura brasileira, como o Brasil é melhor quando se abre para o seu interior e não fica apenas na epiderme dos brancos”. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

A Relicário Edições – editora mineira que tem no catálogo obras de autoras como Marguerite Duras, Alejandra Pizarnik, Diamela Eltit e Mariana Enriquez – completa 10 anos em 2023 e prepara uma série de celebrações e mudanças para o segundo semestre. Além de ações presenciais e digitais – como uma festa numa livraria em BH, ainda a ser anunciada –, a editora terá um coletivo de leituras e debates, e vai lançar nova identidade visual, site e redes sociais com conteúdos revisitados. Na equipe desde 2020, a jornalista e tradutora Michelle Strzoda retorna agora após passar o primeiro semestre de 2023 fora. Junto com Maíra Nassif – fundadora e editora –, Michelle está responsável pelo planejamento e execução da nova fase. Entre os próximos projetos, a Relicário tem trabalhado para a estreia na casa tanto de autoras/es contemporâneos com inéditos (como Nara Vidal e Cidinha da Silva), quanto escritoras/es de excelência ainda não publicados no Brasil (caso de Anne Sexton e María Galindo). "As mudanças anunciam o novo ciclo da editora e, ao mesmo tempo, marcam a primeira década de conquistas e do que consolidamos como nosso DNA", afirma Maíra Nassif, em nota. A nova marca deve ser divulgada em agosto, junto com mudanças no site da casa. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Nesta quinta-feira (6), a Câmara dos Deputados irá votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária, uma das medidas de maior impacto para estrutura econômica do país debatida nas últimas décadas. Assunto também importante para o mercado editorial. As entidades do livro se uniram e manifestaram apoio à reforma. “Acreditamos que a atual proposta tem a capacidade de ajudar o desenvolvimento econômico e social, tornando o Brasil mais competitivo e dinâmico. É preciso dar esse passo para que o país encontre melhores caminhos de crescimento e, assim, poder avançar para mais justiça social, na redução das desigualdades e, num futuro próximo, ser uma nação com mais educação, cultura e leitores”, diz um comunicado assinado pela Associação Brasileira de Sistemas de Ensino e Plataformas Educarionais (Abraspe), Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Clique no Leia mais para conferir a íntegra do manifesto das entidades.

Quando o assunto é tecnologia – ou, por exemplo, inteligência artificial, como tem sido o assunto com bastante frequência – uma das leituras semanais obrigatórias é a coluna de Ronaldo Lemos na Folha de S. Paulo. Obrigatória no sentido positivo do termo, já que os textos do advogado, cientista-chefe do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio e professor visitante na Universidade de Columbia conseguem equilibrar informações precisas sobre as novas tendências com reflexões apuradas sobre os desafios que enfrentamos frente às transformações vertiginosas. Co-criador do Marco Civil da Internet e apresentador do programa Expresso Futuro, Ronaldo também tem grande interesse na área cultural como um todo. O PublishNews perguntou a Ronaldo Lemos o que ele está lendo no momento. Clique no Leia mais para ler a resposta.

A Livraria Cultura comunicou a reabertura da loja no Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073 – Consolação, São Paulo / SP) para esta quinta-feira (6), às 14h. Segundo relatos, a varejista precisou de uns dias para repor parte do estoque e disponibilizar aos clientes. No último dia 30, Cultura conseguiu uma liminar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para reverter a decisão de falência. Em nota, o STJ informou que o relator levou em conta o princípio da preservação de empresa, que tem “inegável e relevante função social e cultural, cuja quebra causa enorme prejuízo tanto à comunidade de credores como à coletividade em geral”. A empresa fechou as portas da sua loja no Conjunto Nacional, em São Paulo, no último dia 27 de junho, após o Tribunal de Justiça do Estado indeferir um recurso. A decisão havia sido emitida na sexta-feira (23/6), "diante do descumprimento generalizado do plano de recuperação judicial".

A GSC Eventos abriu uma nova vaga para o cargo de coordenador(a) de eventos. É preciso ter experiência comprovada na área de coordenação de eventos; conhecimento cultural e comercial de Poços de Caldas; superior completo ou cursando em Administração, Jornalismo, Relações Públicas ou correlatos; CNH B; e conhecimento avançado em Pacote Office, em especial Excel. Experiência na área de eventos notadamente culturais será um diferencial. As atribuições do cargo incluem a definição de estratégia, planejamento, organização, controle e assessoria em eventos diversos; análise e atualização de informações de mercado correlacionadas aos eventos; suporte às operações regulares do escritório; contato com clientes e prospects; redação de relatórios, releases e afins. Interessados devem encaminhar currículos para coordenação@gsceventos.com.br.

O PublishNews+, área exclusiva para assinantes do PN, tem adiantado, semanalmente, os livros que só chegarão às livrarias em 45 dias. O serviço, chamado de Próximo Capítulo, é realizado graças a uma parceria com a MVB / Metabooks e tem por objetivo municiar livreiros de informações do que está no prelo das editoras. Nessa semana, o Próximo Capítulo traz as novidades que chegarão às livrarias entre 20 e 26 de agosto de 2023. Alguns dos livros em questão são: Bioy & Borges – Obra completa em colaboração (Companhia das Letras), volume que reúne tudo que os escritores argentinos escreveram juntos na vida, o que não foi pouca coisa; uma nova edição do Popol Vuh (Ubu), com tradução e organização de Josely Vianna Baptista; o livro Afroteologia (Arole Cultural), de Hendrix Silveira; e o romance Café Majestic (Alfaguara), da escritora e jornalista brasileira Stéfanie Sande. Confira todas as novidades clicando aqui. Por enquanto, o Próximo Capítulo está aberto para todos os que se cadastrarem na plataforma, mas em breve o serviço ficará exclusivo para os assinantes do PN+. A nova seção se soma a outros serviços oferecidos aos assinantes do PN+, como o Radar de Licitações. Clique aqui para saber como ser um assinante do PN+.

A edição de junho do jornal Cândido, editado pela Biblioteca Pública do Paraná, traz uma reportagem especial sobre as traduções da escritora Virginia Woolf no Brasil. Leonardo Fróes, Emanuela Siqueira e Ana Carolina Mesquita destacam a complexidade de verter ao português uma das mais importantes figuras literárias do século XX e fonte de inspiração para mulheres do mundo todo. “Ela é muito sofisticada justamente pelas escolhas dos vocábulos que emprega em seus livros; se o tradutor(a) facilitar para o leitor de outra língua, vai deformar a obra e não vai dar uma ideia do que foi concebido originalmente”, aponta Fróes. O material, assinado por Luiz Felipe Cunha, traz ainda uma seleção de livros e produções que ressalta a versatilidade e a contemporaneidade da autora inglesa. Outros destaques do Cândido 139: entrevista com Mar Becker (concedida à Samantha Abreu), poemas de Pedro Cassel e Yuliana Oritz (traduzidos por nina rizzi), fotografias de Vitor Lopes Leite e textos de Isabella Prati e Michel Neves, dois dos ganhadores do 5° Concurso Literário Luci Collin (UFPR). A arte da capa é de Bruna Alcantara.

O professor e pesquisador Luiz Alberto Oliveira participa do ciclo de debates filosóficos “Mutações”, em Belo Horizonte, para falar sobre o tema “O espírito e a criação de mundos”. O evento é uma parceria entre o Sempre Um Papo e a Artepensamento, plataforma que publica ensaios filosóficos e políticos de autores brasileiros contemporâneos. O bate-papo ocorre nesta quinta-feira (6), às 19h30, no Teatro José Aparecido de Oliveira, na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. A entrada é gratuita, mediante retirada de ingressos pelo site do Sympla. A palestra abordará o atual estágio de maturidade máxima do Sistema-Capital, resumido por Jared Diamond no termo “Colapso”; questionará a visão ocidental e cartesiana de que a potência do pensamento seria privativa da espécie humana, especialmente de sua porção europeizada, e de que sabemos o que é pensar. No mundo contemporâneo, por um lado, a disseminação dos meios ultra velozes de comunicação e transporte abole, em termos práticos, as separações espaciais. Por outro lado, as potências de produção em escala mundial são organizadas, dinamizadas e orientadas pelo Capital, que homogeniza os reinos da natureza e lineariza os domínios humanos.

No clássico livro do Mágico de Oz (Antofágica, 280 pp, R$ 89,90), um mundo de cores, magia e aventura espera pela garotinha Dorothy, que chega em Oz por acidente quando um grande furacão carrega sua casa até essa terra longínqua. Os habitantes deste lugar tão especial logo recebem a menina como uma heroína capaz de combater bruxas malvadas, mas tudo o que Dorothy mais deseja é voltar à sua terra para reencontrar os tios. Na esperança de conseguir retornar para casa, ela parte em uma aventura para pedir ajuda ao Grande Mágico de Oz, e, no caminho, novos amigos se juntam a Dorothy: o Espantalho, que tem esperança de que Oz lhe dê um cérebro, o Homem de Lata, que deseja um coração, e o Leão Covarde, que sonha ser corajoso. Ilustrada e apresentada por Arnaldo Baptista, a nova edição traz tradução de Davi Boaventura e posfácios de Carol Chiovatto, pesquisadora com mestrado sobre a representação do feminino nas obras do mundo de Oz e da escritora, ilustradora e roteirista Janaina Tokitaka.

Conhecido como um dos grandes nomes da corrente formalista da teoria literária, Iuri Tyniánov (1894-1943) foi também um talentoso escritor, responsável por modernizar o gênero da ficção histórica na Rússia. Em O tenente Quetange (Editora 34, 96 pp, R$ 48,00 – Trad.: Aurora Fornoni Bernardini), sua obra mais conhecida, Tyniánov lança mão de capítulos breves e uma linguagem sucinta, quase telegráfica, que remete à prosa modernista e aos cortes rápidos do cinema — não por acaso, a obra nasceu como um roteiro, outro gênero que o autor dominava. Nesta novela ambientada no século XVIII, durante o reinado do tsar Paulo I, Tyniánov parte de uma simples anedota para compor uma elaborada crítica da autocracia russa, na qual o processo de burocratização do cotidiano e falseamento de dados históricos ganha vida própria e gera situações verdadeiramente surreais. Junto à tradução de Aurora Bernardini e à apresentação de Boris Schnaiderman, o volume traz ainda um posfácio, inédito em português, de Veniamin Kaviérin, em que o escritor e dramaturgo soviético relembra em detalhes a fascinante personalidade de Tyniánov.

Na ficção especulativa A marcação (Fósforo, 280 pp, R$ 74,90 – Trad.: Luciano Dutra), a cidade de Reykjavik, capital da Islândia, está dividida por um muro de acrílico. De um lado, aqueles que se submeteram ao teste de marcação; de outro, os que ainda lutam contra o que consideram um mecanismo de polarização e preconceito. Outros dispositivos tecnológicos, como máscaras holográficas e capacetes que projetam vídeos, também dão a essa distopia um ar de proximidade, e à proximidade, o gosto amargo da insegurança do presente. Nome de destaque da nova geração de escritores islandeses, Fríða Ísberg constrói uma prosa espirituosa, divertida e irônica na qual se enxergam problemas contemporâneos como a soberania do politicamente correto, a especulação imobiliária desenfreada, as taxas crescentes de evasão escolar, o uso excessivo de medicamentos e a falta de vínculos afetivos. E questiona: a tecnologia de fato nos leva a um mundo mais justo?

Em Enquanto anoitece (Todavia, 160 pp, R$ 64,90), romance de Luiz Eduardo Soares, um homem simples do interior do nordeste cruza o país, de 1955 a 2005, migrando da violência institucionalizada — foi pistoleiro na ditadura — à nobreza do amor paterno — mais velho, torna-se um pai dedicado e trabalha como porteiro no Leblon. Diante de impasses e bifurcações do destino, os protagonistas deste romance feroz, que atravessa engenhos, estradas empoeiradas e favelas controladas por milicianos, se movimentam com uma energia dramática que captura o leitor desde a primeira página. Luiz Eduardo Soares é antropólogo, cientista político e escritor, e já publicou os livros Rio de Janeiro: histórias de vida e morte (Companhia das Letras), Desmilitarizar (Boitempo) e O Brasil e seu duplo (Todavia).