Líder de verdade
PublishNews, Vanessa Reis, 04/12/2025
Diversidade e inclusão como elementos obrigatórios da boa gestão

*A segunda edição do ranking “Melhores Empresas Para Trabalhar – Mercado Editorial”, iniciativa pioneira do PublishNews e do Great Place to Work, será celebrada em 16 de dezembro de 2025, das 10h às 14h, na Biblioteca Parque Villa-Lobos, zona oeste de São Paulo. O evento é restrito a convidados e os convites já foram enviados, por e-mail e WhatsApp – confira suas mensagens! Abaixo, o artigo de Vanessa Reis.


Vanessa Reis, diretora de diversidade e inclusão do GPTW | © Arquivo pessoal
Vanessa Reis, diretora de diversidade e inclusão do GPTW | © Arquivo pessoal
Sempre que ouço alguém ser definido ou se definir como “líder/gestor de pessoas”, confesso que me vem à cabeça uma pergunta: “Será mesmo?”. Quando pensamos no que de fato significa liderança e gestão de pessoas, especialmente de todas as pessoas, esse discurso — ou título — nem sempre encontra a prática.

Em processos seletivos são comuns frases ou pensamentos como “Precisamos ser rápidos. Não temos tempo para abrir e preencher uma vaga afirmativa” e “Talvez em uma próxima oportunidade… Fulano, neste momento, me parece mais adequado para o cargo” — um clássico na hora de se preterir uma pessoa de grupo minorizado (segundo a ONU, pessoas com deficiência, pessoas negras, mulheres, refugiadas, LGBTI+, acima dos 50 anos, entre outras). Se somos líderes, gestores de PESSOAS, como é possível que muitas delas não sejam vistas como parte do todo?

Diversidade e inclusão não têm a ver com separar, mas com pertencer. Se pertencer é reconhecer e valorizar todo mundo, por que criamos tantas exceções? Muitas vezes, isso ocorre por falta de representatividade ou de conhecimento — o diferente tende a nos causar desconforto. Nossos vieses inconscientes nos fazem buscar afinidades e semelhanças, mas é nas diferenças que a inovação floresce.

Segundo o Ranking de Diversidade GPTW 2024/25, empresas premiadas que contrataram profissionais 50+ tiveram aumento de 4% no índice de inovação. É só uma entre muitas informações e experiências a demonstrar: quando diferentes perspectivas se encontram, nasce o novo. Diversidade e inclusão não são apenas valores, mas também uma vantagem competitiva estratégica.

Tudo o que fazemos é feito por e para pessoas. Essa conexão é a base da inovação, da autenticidade, da eficiência. Em tempos nos quais a automação e a inteligência artificial avançam sem parar, humanizar a liderança é ainda mais urgente. Inovação sem humanidade não constrói futuro. Líderes humanizados são plurais em seus olhares e ações, e têm na confiança a base de suas relações.

Nas minhas pesquisas e trocas com o mercado, fica evidente: funcionários e colaboradores não se desligam das empresas, mas, sim, das lideranças imediatas. Um estudo da Gallup mostrou que 80% das pessoas não confiam em seus líderes.

Análises recentes do GPTW mostram algo simples, mas essencial: quanto mais genuína a troca entre líderes e equipes, especialmente por meio de feedbacks verdadeiros, maior o nível de confiança. E é essa confiança que diferencia as empresas que são reconhecidas pelos rankings do Great Place to Work (incluindo, claro, o “Melhores Empresas Para Trabalhar — Mercado Editorial”). Empresas cujos líderes constroem laços de confiança, sob uma atmosfera marcada pela pluralidade, são mais propensas a serem (avaliadas como) ótimos ambientes de trabalho.

Liderar é, antes de tudo, construir relações de confiança, promovendo um espaço em que as pessoas se sintam ouvidas, respeitadas, pertencentes. Cinco atitudes diferenciam líderes inclusivos e humanizados: 1) Valorizar todas as pessoas; 2) Não reforçar estereótipos; 3) Praticar escuta ativa; 4) Promover pontes, não barreiras; 5) Ter coragem para combater exclusões históricas. Um combo transformador quando colocado em prática.

Recentemente, me deparei com o livro O manual da empresa antirracista (Planeta Estratégia), de Adriana Alves. É um exemplo inspirador de como novas vozes estão provocando líderes a enxergar e entender as barreiras enfrentadas pela população negra no Brasil e, indo além, a transformar essa consciência em cultura, programas e oportunidades reais. Como a autora escreve, “que sua empresa possa ser um exemplo de mudança, de inclusão e de respeito, para que um dia sejamos lembrados por termos criado um futuro melhor”.

Pessoas negras, pessoas com deficiência, pessoas LGBTI+ e tantas outras estão ajudando a quebrar estereótipos e a desafiar os vieses inconscientes que, por tanto tempo, limitaram olhares e oportunidades. É disso que se trata inclusão: possibilitar que mais pessoas construam narrativas antes silenciadas. Como bem disse a escritora Chimamanda Adichie, “não há nada mais poderoso do que alguém poder contar sua própria história”.

Diversidade e inclusão não são modismos. São condições fundamentais para a gestão de pessoas — que assim só pode ser chamada se for humanizada. Somente líderes que compreendam todos esses pontos serão capazes de formar equipes mais fortes e prontas para o futuro.

Se você é líder, cuida da gestão de pessoas, pergunte-se: de todas elas?


*Vanessa Reis é diretora de diversidade e inclusão do GPTW. Administradora com MBA em Liderança e Gestão, há mais de dez anos lidera times multidisciplinares.

*Artigo veiculado na segunda edição da Revista PublishNews (impressa), lançada em novembro de 2025, com tiragem de 10 mil exemplares e distribuição gratuita, tanto física quanto digitalmente (em breve). Quer contribuir financeiramente com o canal? Clique aqui.

[04/12/2025 09:55:10]