
Os autores Mariana Salomão Carrara e Marcílio França Costa foram os grandes vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura com os romances A árvore mais sozinha do mundo (Todavia) e O último dos copistas (Companhia das Letras). A cerimônia aconteceu nesta terça-feira (24), na Biblioteca do Parque Vila-Lobos (Av. Queiroz Filho, 1205 — São Paulo / SP). Depois de uma apresentação de um quarteto de cordas, a mestre de cerimônias Bruna Lombardi foi a responsável por conduzir as apresentações dos prêmios e discursos dos convidados. Em 2024, as autoras Luciany Aparecida e Eliane Marques foram as vencedoras com os livros Mata doce (Alfaguara) e Louças de família (Editora Autêntica Contemporânea).
No total, as obras finalistas foram publicadas por doze selos editoriais: Editora 34, Aboio, Alfaguara, Autêntica Contemporânea, Bazar do Tempo, Companhia das Letras, Fósforo, Maralto, Patuá, Record, Reformatório e Todavia. A lista de indicados tem domínio do Grupo Companhia das Letras, que soma sete indicações; seguida pela Todavia, com três livros entre os selecionados.

Mariana Salomão Carrara já tinha vencido o prêmio anteriormente, em 2023, com o romance Não fossem as sílabas do sábado (Todavia). Logo após o término da cerimônia, ela disse ao PublishNews que não estava entre suas próprias apostas para ganhar o prêmio: "Na hora que falou o nome do livro, fiquei realmente muito chocada. Mas é um livro que me deu muito trabalho, realmente, foi uma dedicação muito grande. E muito diferente de tudo que eu já produzi, eu acho que é um episódio único também, na minha vida, fico muito contente pelo reconhecimento", diz a escritora.
Para elaborar o romance, Mariana afirma que realizou uma vasta pesquisa e passou por um processo diferente de seus livros anteriores. Ela destaca como ponto positivo da produção do livro elementos como o sotaque das personagens e a recepção da obra por onde passou.
É, a pesquisa é muito vasta, né? É um livro muito diferente de tudo que eu tinha feito. Envolve entender a fala das pessoas, também diferente dos sotaques que eu fiz nos narradores também, do espelho português, e entender também as nuances, das críticas que existem ao sistema. Também, a delicadeza disso, onde pisar, onde não pisar, um cuidado grande na minha parte, um medo de não representar adequadamente, porque eu já vinha vendo que estava tudo bem, porque fiz algumas acessas ao sul também, depois já com o livro, vários quilos de leitura, e o retorno foi realmente muito incrível, então, nossa, espero que o livro só chegue mais pessoas agor

Enquanto isso, o mineiro e mestre em estudos clássicos, Marcílio França Castro, é autor também dos livros Histórias naturais e Breve cartografia de lugares sem nenhum interesse. Este último lhe rendeu o Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional. Já laureado por seu O último dos copistas, ele afirmou ao PN que foi para a cerimônia sem grandes expectativas por julgar que ganhar um prêmio como este é "quase uma contingência", pelo alto nível das obras, além de constituir um importante incentivo para que ele e outros autores continuem suas trajetórias literárias.
"Você se torna escritor e depois deixa de ser escritor, porque o ser escritor não é uma coisa, um fato contínuo, ele é sempre intermitente. Tem hora que você é escritor, tem hora que você não é escritor, então é nessa intermitência que o livro vai acontecendo e é um tempo longo... Os prêmios, eles vêm, e é lógico que eu fico satisfeito com eles, mas para mim não existe uma grande mudança. Só uma vontade de escrever mais", comenta o mestre em teoria literária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Reconhecido como um dos mais relevantes prêmios da literatura brasileira contemporânea, o concurso contempla obras publicadas em 2024, divididas em duas categorias: “Melhor Romance” e “Melhor Romance de Estreia”. Cada vencedor receberá R$ 200 mil — valor que consolida o Prêmio São Paulo como o maior do Brasil em premiação individual no gênero. Além disso, os dois autores serão convidados a participar da programação da Feira Internacional do Livro de Guadalajara.
Nesta edição, concorreram 323 obras, sendo 158 para a categoria “Melhor Romance do Ano” e 165 para “Melhor Romance de Estreia”. Os livros foram avaliados por um júri composto por Antonio Carlos Sartini, Chris Ritchie, Diana Navas, Guilherme Sobota, Marcelo Ariel, Andressa Veronesi, Elaine Cristina Prado dos Santos, Felipe Franco Munhoz, Roberta Ferraz e Rogério Pereira. A avaliação final ficará a cargo do corpo de curadores do prêmio: Janaina Soggia, José Luiz Tahan, Jurandy Valença, Sandra Espilotro e Ubiratan Brasil.
Finalistas de Melhor Romance do Ano de 2024
- Os grandes carnívoros (Alfaguara), de Adriana Lisboa
- No muro da nossa casa (Bazar do Tempo), de Ana Kiffer
- Guerra I – Ofensiva paraguaia e reação aliada novembro de 1864 a março de 1866 (Editora 34), de Beatriz Bracher
- Vento vazio (Companhia das Letras), de Marcela Dantés
- Escalavra (Record), de Marcelino Freire
- A árvore mais sozinha do mundo (Todavia), de Mariana Salomão Carrara (vencedor)
- Casa de família (Companhia das Letras), de Paula Fábrio
- Rio sangue (Alfaguara), de Ronaldo Correia de Brito
- Ressuscitar mamutes (Autêntica Contemporânea), de Silvana Tavano
- Krakatoa (Todavia), de Veronica Stigger
Finalistas de Melhor Romance de Estreia do Ano de 2024
- Neca (Companhia das Letras), de Amara Moira
- Lia (Companhia das Letras), de Caetano W. Galindo
- Avenida Beberibe (Fósforo), de Claudia Cavalcanti
- O embranquecimento (Patuá), de Evandro Cruz Silva
- Fora da rota (Todavia), de Evelyn Blaut
- O que resta a partir daqui (Aboio), de Flávia Braz
- A união das Coreias (Reformatório), de Luiz Gustavo Medeiros
- O último dos copistas (Companhia das Letras), de Marcílio França Castro (vencedor)
- A infância de Joana (Maralto Edições), de Mariana Ianelli
- As fronteiras de Oline (Patuá), de Rafael Zoehler
No total, as obras finalistas foram publicadas por doze selos editoriais: Editora 34, Aboio, Alfaguara, Autêntica Contemporânea, Bazar do Tempo, Companhia das Letras, Fósforo, Maralto, Patuá, Record, Reformatório e Todavia. Entre os finalistas, havia autores de oito Estados: São Paulo (8), Rio de Janeiro (4), Pernambuco (2), Minas Gerais (2), Rio Grande do Sul (2), Ceará (1) e Paraná (1). Treze dos selecionados foram mulheres.






