A primeira noite de autágrafos será na próxima quarta-feira (30), às 18h, dentro da programação oficial da Flitabira, com as presença luminosas de Dona Rosinha, Conceição e Piúba.
“A maneira de Dona Rosinha mesclar oralidade e linguagem formal em sua escrita nos chamou atenção e, para termos certeza de que o texto recebido representava a escrita da autora, solicitamos fotografias do seu caderno de memórias e realizamos o cotejo entre os escritos — o que nos confirmou que aquele era mesmo seu jeito de escrever”, explica a editora Mariana Warth, que assina a edição ao lado da mãe, Cristina Fernandes Warth.
Produzido a partir de cadernos manuscritos, o livro foi transcrito por Vinícios Ferreira, filho da autora, preservando o estilo original e conferindo ritmo e autenticidade ao texto. Cada relato recupera infância, luta coletiva, ancestralidade e cotidiano quilombola, compondo também um registro histórico da comunidade itabirana — cidade natal de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
No prefácio, Conceição Evaristo celebra o gesto da autora como marco simbólico e político. “Apresentar o conjunto de relatos que compõe este pequeno livro me trouxe uma profunda satisfação. Porque, se pequeno é em sua materialidade, grande, imenso, é o seu significado. Trata-se de um livro que encena o movimento de uma pessoa das classes populares que se apropria da escrita para salvaguardar as suas memórias.”
A escritora reconhece em Memórias do meu quilombo ecos de Carolina Maria de Jesus, Maria de Jesus da Silva (Zuza) e Celeste Estrela, aproximando Dona Rosinha de uma linhagem de autoras que transformam suas vivências em escrevivências. Na orelha, Fabiano Piúba reforça o caráter transformador da escrita tardia.
“Agradecemos pela sua vida, Dona Rosinha. A senhora é escritora. Que este seja o primeiro de muitos outros livros de sua autoria. Se a gente aprende a ler para escrever a nossa própria história, sua literatura é um ato de liberdade, criatividade e cidadania”, assinala Piúba.
Dona Rosinha foi presidente do Quilombo Morro Santo Antônio e da Interassociação dos Amigos de Bairros de Itabira, além de conselheira da sociedade civil por mais de 12 anos. Atua na defesa dos direitos humanos e da cultura afro-brasileira e integra a Rede Nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres. Leitora desde a infância, descobriu na escrita uma forma de transmitir as histórias de sua comunidade.
Serviço
Lançamento de Memórias do meu quilombo
Quarta-feira, 30 de outubro, às 18h
Flitabira – Itabira (MG)
Com Dona Rosinha, Conceição Evaristo e Fabiano Piúba
Entrada gratuita
