Ubiratan Muarrek adianta projetos na Bienal do Livro de Pernambuco
PublishNews, redação, 03/10/2025
Escritor, jornalista e produtor de cinema paulista vai falar sobre o livro, ambientado em Recife, e adiantar trabalhos na TV e no teatro

Ubiratan Muarrek e capa do livro © Divulgação
Ubiratan Muarrek e capa do livro © Divulgação
O escritor, jornalista e produtor de cinema paulista Ubiratan Muarrek retorna ao Recife para participar da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, no domingo (12), às 18h, no Palco Petrobras, em conversa com a educadora Fernanda Pessoa. É a segunda vez que o público local se reúne para ouvir sobre o Meio do Céu (Assírio & Alvim, 2024), romance que estreou na cidade em sessão histórica na Livraria do Jardim, ao atrair mais de 300 leitores.

"Escrevi uma peça de teatro que talvez nunca seja encenada. Esse é o seu aspecto trágico. E cômico. O projeto em si é tragicômico, como a forma que explorei no texto. Eu entendo o drama como um projeto também literário", pensa o autor.

Descrito por Tatiana Eskenazi como “uma mistura entre Esperando Godot e O Auto da Compadecida”, e por Angélica de Moraes como “uma visão ácida entre dois mundos, inquietação garantida”, o livro é uma tragicomédia que transforma a fala regional em chave literária. Em forma de peça teatral, ambientada em Londres no dia da queda do Concorde (2000), o enredo acompanha Sofitel e Greta, duas amigas recifenses — uma negra, outra branca — que se reencontram fora da cidade natal, mas carregam em si o peso da herança colonial, do racismo e das tensões sociais do Recife.

A foto de capa inspirou e acompanhou toda a escrita do livro. De autoria do fotógrafo alemão Wolfgang Tillmans, faz parte de uma série com 62 fotos coloridas do avião Concorde, em Londres - seja decolando, em pleno voo, já pousando e, às vezes, apenas a sua silhueta como se fosse um pássaro metálico.

Na Bienal, Muarrek amplia o campo de visão e apresenta dois novos trabalhos. O primeiro é a série documental Crianças do Cariri, coprodução com a Miração Filmes para a TV Brasil, que entra em produção em 2026 e será filmada na Chapada do Araripe. A proposta é revelar o Cariri a partir de suas crianças, guardiãs da memória e de um futuro possível, com sua riqueza arqueológica e cultural. O segundo é a peça Mãe Coragem em Canudos, adaptação do clássico de Brecht para o sertão baiano, escrita especialmente para a atriz Fátima Patrício.

Esse triplo gesto — Londres em Meio do Céu, a Chapada do Araripe em Crianças do Cariri e o sertão baiano em Mãe Coragem em Canudos — marca um mergulho do autor paulista no Nordeste, pensado como berço cultural e horizonte de futuro. “Esses projetos são a minha forma de contribuir para a formação de uma nova sensibilidade cultural e histórica, que parte do Nordeste e se abre ao comum do Brasil”, afirma Muarrek.

[03/10/2025 08:19:00]