
A obra tem como tema a crise socioclimática enfrentada pela humanidade, faz um questionamento direto ao Homo economicus, o “filho ganancioso” do Homo sapiens, responsável por colocar o planeta em rota de uma crise climática sem precedentes. Longe de ser uma distopia, o trabalho propõe um plano de transformação e se apresenta como uma “eutopia” — uma visão positiva de futuro, baseada em valores realistas e alcançáveis. No livro, Marins demonstra coragem ao conceber alternativas para o fim de um “sistema obsceno de alta concentração de renda”, que alimenta o abismo da desigualdade social.
“O livro tem um formato de memórias fragmentadas, que são amarradas pela personagem Mariá, uma figura que funciona como confidente, testemunha e consciência externa”, explica Mara Mourão. “Esse recurso é muito inteligente, porque permite que a narrativa salte no tempo e no espaço sem perder o fio condutor. É um formato que apresenta um desafio para a adaptação cinematográfica, porque os ritmos, flashbacks e flashforwards precisam criar um roteiro coeso, com estrutura de roteiro, climax e pontos de virada. Imageticamente, o livro apresenta imagens avassaladoras”, finaliza a cineasta.






