
Feito pela equipe da Livraria Megafauna desde 2023, o podcast ressurge com pequenos ajustes. Muito se pensou sobre a estrutura dos roteiros, adianta Irene de Hollanda, diretora do Livros no Centro junto com Fernanda Diamant. A principal mudança se deu no "Sabe aquele livro?", um quadro que brinca com o ofício de livreiro ao desafiar a equipe a adivinhar o nome do livro oculto, a partir de dicas muito aleatórias, como um detalhezinho na ilustração da capa. Irene diz que muita gente bate na porta atrás de um título sem informações precisas, o que confere ao trabalho do livreiro um status de decifrador de enigmas.
“Nessa temporada, decidimos convidar livreiros de outras livrarias para desafiar a nossa equipe – e aí aproveitamos para falar sobre outros projetos interessantes espalhados pelo Brasil. Além de apresentar essas livrarias nos episódios, também estamos fazendo posts sobre cada uma delas. Então, é um jeito de ir apresentando mais livrarias aos ouvintes, e também de nos aproximarmos desses livreiros", pontua Irene, avisando que lojas de Belém, Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia já entraram na brincadeira.
Dalton Trevisan abre a temporada três
Um episódio sobre a ligação do escritor Dalton Trevisan (1925-2024) com a sua faz-tudo e anjo da guarda Fabiana Faversani marca o retorno do Livros no Centro aos tocadores de áudio neste 2025 – em pauta sugerida pela editora Ana Lima Cecílio, curadora da Flip de 2024 e 2025, recém contratada pela Record. E, se estreou, é sinal de que mais da metade da pauta dos dez episódios da vez está bem adiantada – com uns dois ou três episódios já finalizados em estúdio. Esse material “de gaveta” dá fôlego quando cai alguma pauta e a equipe precisa correr para encontrar outra, tão boa quanto, ou até melhor.
Outra novidade da temporada está nos roteiros, que agora são burilados por três profissionais: a poeta Bruna Beber (que cuidou dos roteiros na segunda temporada), o jornalista Bruno Santos e a documentarista Paula Sachetta. A jornalista Bárbara Falcão também acabou de chegar para assumir a edição dos episódios. A primeira temporada saiu da caixola cheia de boas ideias da jornalista Laura Capelhuchnik, que agora está dedicada aos podcasts do UOL.
Há três anos, Laura foi convidada para criar, a muitas mãos, o Livros no Centro. Ela garimpou referências e centralizou os pitacos da equipe (hoje composta por quase 30 pessoas) para chegar ao formato narrativo do podcast que vem inspirando outros no mesmo formato.
"Tivemos conversas deliciosas sobre os eventos e a circulação na livraria antes de criar o podcast. Logo entendi que precisava de um formato que celebrasse as duas grandes paixões da equipe: livro e gente", rebobina Laura. Por causa deste trabalho, a jornalista foi chamada para mediar uma mesa sobre o assunto na Casa PublishNews, no primeiro dia da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip 2025.
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Entre os episódios favoritos de Irene de Hollanda estão dois da temporada inaugural. “Para mim, o episódio de estreia, com o jogador de futebol Gustavo Scarpa, vai estar sempre entre os melhores. Rimos muito fazendo esse roteiro. Gosto muito de um episódio chamado "O país dos poetas", que fala sobre o encontro do escritor Alejandro Zambra com a Joana Barossi, tradutora do Nicanor Parra, e de como ela se tornou personagem do (maravilhoso) livro Poeta chileno", recorda. O livro foi lançado em 2021 pela Companhia das Letras.
Gravações levaram a equipe pelo Brasil

Essa temporada traz mais uma particularidade. Foi a que mais exigiu viagens. “A gente decidiu privilegiar, sempre que possível, a entrevista presencial, pela melhora substancial na qualidade das respostas, além da possibilidade de vermos os lugares, entendermos melhor as situações narradas”, conta Irene. Horas riscando o céu e levantando poeira nas estradas levaram a Rita até São José do Egito, no sertão de Pajeú, em Pernambuco. O motivo? Prosear com o pessoal que organiza um festival de poesia em homenagem a um grande poeta e cantador da região.
“Essa foi uma pauta que batalhamos muito porque queríamos contar a história de um festival de poesia neste ano em que a Megafauna fez o seu próprio festival de poesia”, recorda Irene, falando do Poesia no Centro, que reuniu cerca de 40 poetas em maio, vindos de diversas regiões do país e também de Angola, Peru, Inglaterra, Argentina e EUA. “A gente queria celebrar no podcast a existência de festivais dedicados à poesia e seus diferentes formatos e tons".
A terceira temporada do Livros no Centro já chegou deliciosa. Um episódio novo sobe nas plataformas digitais nas quartas-feiras, a cada quinzena, sempre trazendo uma narrativa ligada aos livros, objeto que faz a Megafauna existir desde o final de 2020, no Copan (Av. Ipiranga, 200, loja 53 – São Paulo / SP). Uma segunda unidade foi inaugurada em agosto de 2024, no Teatro Cultura Artística (Rua Nestor Pestana, 196 – São Paulo / SP).
“Buscamos contemplar situações distintas, com diferentes perfis de leitores, algumas narrativas mais anedóticas, outras mais baseadas em pesquisa. Algumas dedicadas a perfis, outras que ressaltam projetos interessantes ligados ao mundo dos livros. Outras, ainda, que relatam histórias mais surpreendentes e fora da curva. A ideia é abarcar histórias variadas, formando um conjunto heterogêneo justamente para mostrar que os livros podem estar em nossas vidas das formas mais diversas”, explica Irene, sobrinha do cantor, compositor e escritor Chico Buarque, vencedor do Prêmio Camões de 2019, a maior honraria literária que existe em língua portuguesa.
Que tal escutar o segundo episódio da temporada, Deserto para as tábuas da lei? Subiu nesta quarta (27) e está disponível aqui, junto das outras duas temporadas no ar. Boa escuta!