
Em cartaz até o dia 30 de novembro, a mostra propõe uma travessia visual do sul ao norte das Américas por meio de fotolivros (entre eles o da fotógrafa Rosa Gauditano, que nos deixou no início de agosto, aos 70 anos) que tratam da construção, disputa e reapropriação das imagens dos povos originários. O bate-papo é gratuito, com interpretação em Libras e distribuição de senhas 1 hora antes. A exposição dialoga com outra: Paiter Suruí. Gente de Verdade. Um projeto do Coletivo Lakapoy, recém aberta ao público, que pode visitá-la no 6º andar do mesmo centro cultural.
Inspirada no mapa invertido proposto por Joaquín Torres García em América Invertida (1943), a seleção parte do Sul e segue rumo ao Norte, reunindo livros que exploram diferentes abordagens visuais sobre os povos indígenas. Em comum, as obras expõem a ambiguidade histórica da fotografia: de ferramenta de controle colonial à sua apropriação como meio de resistência, afirmação identitária e transmissão de saberes ancestrais.
A curadoria inclui 20 livros de distintas temporalidades e origens. Parte deles expõe imagens produzidas sob o olhar externo, enquanto outras revelam o protagonismo indígena na produção de narrativas visuais. Nestas últimas, a fotografia não apenas documenta, mas se transforma em gesto cosmológico e político, extensão do corpo-terra e expressão da memória coletiva.
Entre os títulos apresentados estão Ãpekôyp Yvy – Corpos Terra, de Priscila Tapajowara, Sandrieli Kaiowá e Vanessa Pataxó, que trata da relação da mulher indígena com a terra em territórios do Pará, Mato Grosso do Sul e Bahia. Publicado pela Fotô Editorial em 2024, o livro foi premiado na Convocatória de Fotolivros ZUM/IMS.
Outros destaques são Hêmba, de Edgar Kanaykõ Xakriabá (2023), que reúne mais de duas mil imagens e propõe uma reorganização da memória visual indígena a partir de uma perspectiva própria, não ocidental, e o livro Os Guarani Mbyá, de Vherá Poty e Danilo Christidis, fruto de sete anos de convivência com o povo Mbya. De 2015, este livro é considerado a primeira publicação fotográfica com coautoria indígena no Brasil.
O IMS Paulista funciona de terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h.