Tradutora revisita os olhares de De Amicis, Bontempelli e Moravia sobre o Rio
PublishNews, Redação, 09/10/2025
Adriana Marcolini oferecerá uma leitura crítica de trechos, ao lado da atriz Giovanna de Toni em um evento gratuito no Instituto Italiano de Cultura do Rio

Entrada da Baía da Guanabara vista de Niterói © Marc Ferrez, 1885
Entrada da Baía da Guanabara vista de Niterói © Marc Ferrez, 1885

No âmbito da Semana da Língua Italiana no Mundo, a pesquisadora e tradutora Adriana Marcolini oferecerá uma leitura crítica de trechos de Edmondo De Amicis (1846–1908), Massimo Bontempelli (1878–1960) e Alberto Moravia (1907–1990), escritos em 1884, 1933 e 1960 pelos três célebres italianos que visitaram o Rio e Janeiro e transformaram as suas observações em paisagens literárias e espelho de inquietações estéticas.

"Na qualidade de tradutora de literatura italiana, vou prestar uma homenagem de caráter literário à cidade. Escolhi e traduzi relatos de viagem sobre o Rio de autoria desses escritores que visitaram a Cidade Maravilhosa e já adianto que o artigo de Moravia estará na coletânea 'Américas: relatos de viagens', a ser lançada em breve pela editora Cosac", pontua Adriana. Os textos serão lidos pela atriz Giovanna de Toni em um evento gratuito no Instituto Italiano de Cultura do Rio, na próxima quarta-feira, 15 de outubro, às 18h30, com entrada gratuita.

Para os italianos, o Rio nunca foi apenas uma etapa de viagem. Foi, antes, um laboratório do olhar, uma experiência de maravilhamento e estranhamento. As suas descrições são fragmentos de uma mesma vivência estética: o encontro com uma natureza indomada, que recusa o cânone da harmonia clássica, e permanece até hoje, após tantas mudanças arquitetônicas e populacionais na cidade.

De Amicis descreve um “caos de montanhas” que esculpe a cidade em formas únicas e irrepetíveis. Bontempelli, com sua linguagem metafísica, percebe um “toque de caos” deixado por Deus como gesto criativo — matéria preciosa, simplificada e tornada essencial. Moravia observa, com olhar crítico, a ausência de unidade, as montanhas de “formato estranho”, a descontinuidade que se transforma em marca do cenário carioca.

Três relatos separados por décadas, mas que dialogam entre si, revelando como a geografia do Rio provoca uma reflexão sobre a tensão entre ordem e desordem, natureza e cultura, encantamento e desconcerto. A Baía de Guanabara, com suas singularidades surpreendentes, emerge como o símbolo dessa dialética. Emblemático, por fim, o gesto que marcou a estadia de De Amicis: o convite ao Palácio Imperial feito por Dom Pedro II, soberano iluminado que reconheceu na palavra literária uma ponte entre povos.

Serviço

Dia 15 de outubro (quarta-feira), às 18h30

Instituto Italiano de Cultura / Teatro Itália (Av. Pres. Antônio Carlos, 40 / 4º andar – Centro, Rio de Janeiro / RJ)

Entrada gratuita, mediante inscrição pelo Sympla


[09/10/2025 10:17:07]