Concurso Casa Flip+Motiva premia autores do Rio Grande do Sul e São Paulo
PublishNews, Redação, 24/07/2025
A gaúcha Carolina Panta e o paulista Leonardo Sanches Previti terão a oportunidade de ler os seus contos vencedores na Casa, em Paraty

Carolina Panta e Leonardo Sanches Previti: vencedores do concurso Casa Flip+Motiva | © Divulgação
Carolina Panta e Leonardo Sanches Previti: vencedores do concurso Casa Flip+Motiva | © Divulgação
Uma professora do Rio Grande do Sul e um engenheiro de São Paulo são os vencedores da primeira edição do concurso Casa Flip+Motiva, uma parceria entre a Motiva e a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), revelando novas vozes da literatura brasileira. A gaúcha Carolina Panta e o paulista Leonardo Sanches Previti terão a oportunidade de ler os seus contos vencedores na Casa, que faz parte da programação paralela da 23ª edição da Flip, de 30 de julho a 3 de agosto.

Ao todo, 300 contos foram avaliados pelos jurados do Concurso da Casa Flip+Motiva, inspirados no verso “que toda viagem/é feita só de partida”, extraído do poema *v, de viagem*, de Paulo Leminski, homenageado na edição deste ano da Flip. Poeta curitibano, filho de pai polonês e mãe negra, é considerado um dos grandes nomes da poesia brasileira do século XX. Além da leitura dos contos na Casa Flip+Motiva, os vencedores participarão da Flip com os custos pagos pela Motiva, por meio do seu Instituto.

Viagens feitas só de partida

Das dores do luto íntimo que ecoam pelas curvas de uma autoestrada à ressignificação poética da memória africana nos engenhos coloniais, as narrativas vencedoras são, como no verso de Leminski, “viagens feitas só de partida”. Foi com esse espírito que Carolina conquistou o primeiro lugar com o texto “Do lado de cá da fronteira”. Professora de Língua Portuguesa formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ela parte da perda do pai para construir uma travessia emocional conduzida por um carro antigo e uma estrada silenciosa.

“Meu conto fala sobre a perda de um pai e sobre a maneira como os que partem continuam nos habitando. Uma presença que se espalha, silenciosa, pelos gestos de quem fica. No centro da história, um carro antigo percorre uma autoestrada em viagem sem volta, em um movimento irreversível de quem segue adiante, mesmo com o coração voltado para trás, revela Carolina.

Carolina é autora de três romances, entre eles o mais recente Falso lago (Editora Zouk, 2023), que conquistou o Prêmio Açorianos de Literatura na categoria Narrativa Longa, um dos mais importantes reconhecimentos culturais do Rio Grande do Sul. Também publicou Dois nós (2019) e Olivetti Lettera 32 (2022). Além disso, participou como escritora convidada em coletâneas de contos, como Quebra-Ventres (2023), Inveja (2024) e Outono 19h (2025). Carolina conta que descobriu o concurso quase por acaso, ao se deparar com o edital em uma rede social. “Como tantas coisas lindas da vida acontecem, foi passando os olhos por uma página literária em uma rede social que vi o anúncio e decidi enviar o conto. O sonho de estar na Flip como escritora me moveu nessa produção”, finaliza a professora e campeã do concurso.

Um engenheiro apaixonado pela escrita

O segundo lugar foi conquistado por Leonardo Sanches Previti, engenheiro civil, mestre pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e consultor ambiental com atuação em projetos na América Latina e na África. Estreando na literatura, ele apresentou o conto “Encruzilhadas Atlânticas”, uma narrativa ficcional que resgata as heranças africanas no Brasil, destacando personagens escravizados e suas manifestações de resistência intelectual e espiritual.

“O conto 'Encruzilhadas Atlânticas', especificamente, busca explorar os diversos significados da palavra 'viagem' dos versos de Leminski, seja seu sentido mais superficial de transferência espacial associado à mudança forçada pelo tráfico de humanos, como também o conforto oferecido pela lembrança carinhosa de um passado irrecuperável, mesmo vivendo sob a sombra do horror.”, afirma.

Em seu tempo livre, Leonardo dedica-se à escrita e à música. Apaixonado pela literatura brasileira, tem como referências autores como Lúcio Cardoso, Raduan Nassar, Ana Maria Gonçalves e João Ubaldo Ribeiro. Ele conheceu o concurso por meio das redes sociais de um amigo ligado à Flip e viu ali uma oportunidade para expor sua paixão.

“Ao ler o edital de convocação, notei que o seu tema contemplava, mediante poucos ajustes, alguns textos que eu venho produzindo desde o início do ano e que compõem um projeto maior em desenvolvimento de um romance sob a perspectiva de dois personagens reais, de gerações distintas, de uma influente família de africanos com origens brasileiras”, finaliza Leonardo.

Novas vozes da literatura

Além do concurso aberto ao público, a Motiva realizou uma edição interna voltada aos seus 16 mil colaboradores, com o objetivo de estimular a leitura e revelar novas vozes dentro da própria Companhia. Dois vencedores foram premiados, Reginaldo Sacramento Ribeiro, analista de Planejamento de Operações da concessionária de rodovias gaúcha ViaSul que mora em Osório (RS), e João Victor Simão de Souza, colaborador da Motiva Rodovias em Jundiaí (SP). Ambos também terão a oportunidade de participar da Flip, com seus contos sendo lidos publicamente na Casa Flip+Motiva.

"Acreditamos que a literatura, assim como a mobilidade, tem o poder de transformar trajetórias, físicas e simbólicas. Com o Concurso Flip+Motiva, criamos um espaço para que novas vozes ganhem protagonismo, ampliando acessos e construindo narrativas. Mais do que reconhecer contos, queremos valorizar talentos e reafirmar que todos merecem oportunidades. É isso que o nosso Instituto faz: democratiza o acesso e amplia oportunidades em todo o Brasil", afirma Jéssica Trevisam, gerente de Responsabilidade Social no Instituto da Motiva.

Essa é a terceira participação consecutiva da Motiva na festa literária em Paraty. Em 2024, lançou a Casa Flip+Motiva, espaço que integra a rede de Casas Parceiras da Flip com uma programação gratuita. No ano passado, o local reuniu mais de 30 autores e especialistas para debater temas como mobilidade urbana, mudanças climáticas e jornalismo literário. Na mesma edição, a companhia também foi parceira oficial de mobilidade da festa, oferecendo transporte gratuito para mais de 1.500 pessoas de comunidades locais caiçaras, indígenas e quilombolas.

Em 2025, a Motiva, por meio de seu Instituto, levará novamente uma programação com autores e especialistas como parte da programação da Casa Flip+Motiva, além de transporte gratuito para que a população de 19 núcleos urbanos do município de Paraty acesse mais facilmente a festa literária.

Além da Flip, a Motiva apoia outras iniciativas literárias, como a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador, a Festa Literária das Periferias (FLUP), no Rio de Janeiro, e a Feira do Livro de São Paulo. Até 2035, por meio de seu Instituto, a Companhia prevê investir R$ 750 milhões em projetos de impacto social, com foco em cultura, educação e literatura. Só em 2025, serão investidos R$ 71 milhões.

[24/07/2025 11:47:52]