
Questionado se crônica é jornalismo ou literatura, ele respondeu categoricamente que “crônica é literatura, agora uma crônica ruim é outra história”. Ele descreveu que seu estilo é aquele de olhar em volta de si e mostrou para a plateia uma de suas duas mil cadernetas, que guarda com si ao longo da vida e que usa para capturar os acontecimentos que lhe acontecem. “A crônica é fácil de fazer, a questão é capturar”. O autor disse que já chegou a reescrever um mesmo texto dez vezes, e que, mesmo assim, podia não ficar satisfeito com o resultado final. "Mas que merda de crônica que você fez hoje hein, Ignácio? Não dá para agradar todo mundo mesmo", brincou.

Inspirado como de costume, contou histórias de sua amizade com o artista Zé Celso, e da proximidade entre as mães de ambos, catequistas em Araraquara, no interior de São Paulo; de sua vida no centro de São Paulo, em seu pequeno apartamento na Rua Bela Cintra, e das inseguranças amorosas vividas na adolescência no interior.
Muitas perguntas da plateia no painel pediram as opiniões de Ignácio sobre o atual contexto do mundo, das relações humanas e o provocaram a especular o futuro. Ele disse ter angústia sobre o que virá para sua neta de dois anos, além do atual momento político turbulento do mundo. Outra questão citou o contexto de "retrocesso", ao qual Ignácio respondeu: “Eu pessoalmente tenho medo, tenho medo da desorientação geral, da rede social. O mundo está sendo destruído”.
Em 2025, o autor comemora 60 anos de literatura, e uma das questões da plateia questionava como ele via a questão da morte. Ignácio respondeu que quer ir para o céu, porque a pessoa que mais acreditava no céu era sua mãe, e esse pensamento o acompanhou ao longo da vida. "Seria fácil também se tudo se acabasse, como se entrássemos num quarto escuro... Mas, agora, se eu pudesse escolher uma próxima vida, seria [Ernest] Hemingway, ou Brad Pitt”, comenta.
No final do painel, ele leu um capítulo inédito do livro que está trabalhando no momento, intitulado Risco de queda.