Livros de Sebastião Salgado tiveram edições cuidadosas que registraram as suas imagens históricas
PublishNews, Guilherme Sobota e Beatriz Sardinha, 23/05/2025
Em 2019, o fotógrafo venceu um prêmio na Feira do Livro de Frankfurt, pelas suas 'contínuas campanhas em prol da paz e da justiça social'

Detalhes das capas de livros recentes de Sebastião Salgado | © Taschen
Detalhes das capas de livros recentes de Sebastião Salgado | © Taschen
O fotógrafo Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), em Paris, aos 81 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada, mas Salgado sofria de problemas de saúde relacionados à malária, doença que contraiu nos anos 1990. Considerado um dos maiores fotógrafos do mundo, ele também compartilhou sua obra por meio de livros com edições cuidadosas e que registraram as suas imagens históricas.

Entre 1977 e 1984, realizou viagens pela América Latina, registrando as condições de vida de camponeses e indígenas, trabalho que resultou no livro Autres ameriques (Contrejour), publicado em 1986. Na década de 1980, colaborou por 15 meses com o grupo francês Médicos Sem Fronteiras, percorrendo a região do Sahel, na África, e registrando a devastação causada pela seca. Entre 1986 e 1992, produziu a série Trabalhadores, documentando o trabalho manual e as difíceis condições de vida em diversas partes do mundo. Foi ainda autor dos livros Sahel: L'Homme en Détresse (França, 1986), La main de l'Homme (França, 1993), Terra (Brasil, 1997), Trabalhadores: uma Arqueologia da Era Industrial (Brasil, 1996) e Retratos de Crianças do Êxodo (Brasil, 2000), entre muitos outros.

Em 2013, depois de oito anos de reportagens, o fotógrafo expôs pela primeira vez o Projeto Gênesis, que deu origem ao livro de mesmo nome, publicado pela Taschen – que lançou a maior parte dos seus livros de arte. Em uma jornada fotográfica por lugares intocados, onde o homem convive em harmonia com a natureza, o fotógrafo pôde declarar seu amor à Terra, em sua grandeza e fragilidade.

Em Da minha terra à Terra (Paralela, Companhia das Letras, 2014), pela primeira vez, ele contou sua história pessoal, raízes políticas, éticas e existenciais de seu engajamento fotográfico.

Em 2019, foi o vencedor do German Book Trade Peace Prize, pelas suas “contínuas campanhas em prol da paz e da justiça social”. Naquele ano, recebeu o prêmio durante a Feira do Livro de Frankfurt e dedicou a conquista a todas as vítimas das tragédias que fotografou. Além disso, aproveitou o discurso para criticar o então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. “A Amazônia está nas notícias agora pela política criminosa do presidente brasileiro. Os povos indígenas vivem com medo. A agricultura industrial destrói cada vez mais a floresta", analisou na ocasião. O prêmio é entregue pela Associação de Editores e Livreiros da Alemanha. Segundo o júri, Salgado era “um excepcional artista visual que tem feito campanhas contínuas em prol da paz e da justiça social e cuja obra fotográfica dá uma sensação de urgência ao debate global em torno da conservação da natureza e proteção ambiental”.

Na época, o júri do prêmio citou ainda o trabalho do artista no Instituto Terra e sua contribuição para a restauração e revitalização da biodiversidade e dos ecossistemas. “Como consequência de seu considerável trabalho, Sebastião Salgado conseguiu aumentar a conscientização mundial para o destino dos trabalhadores e migrantes, bem como para as condições de vida dos povos indígenas”, explicou a associação. Com os livros Êxodos e Crianças, ambos publicados em 2000, o brasileiro chamou atenção para o destino de 30 milhões de refugiados em todo o mundo.

Entre outros, ele também levou o prêmio de melhor livro de fotografia do ano do Festival Internacional de Arles por Workers, por Trabalhadores.

Em outubro de 2024, o PublishNews apurou que Amazonia – Sebastião Salgado (Taschen) tinha sido o livro de fotografia mais vendido no país nos 12 meses anteriores.

[23/05/2025 12:32:52]