
A programação do festival aposta na pluralidade de perspectivas e gêneros, com painéis que abordam desde a ficção especulativa brasileira até a potência política da literatura homoerótica. Em mesas como E se o futuro distópico fosse em Osasco?, autores como Lucas Mota (Prêmio Jabuti 2022) e Stephanie Caroline (Prêmio Ecos da Literatura 2024) provocam o público a imaginar futuros possíveis a partir das realidades brasileiras e periféricas.
“Esse tipo de literatura cumpre um papel importante na formação de novos leitores, mas também é fundamental para mostrar que o Brasil tem, sim, muito a dizer sobre fantasia e ficção científica”, defende Lucas Mota. “As pessoas reagem com deslumbramento quando descobrem as histórias incríveis que estão sendo criadas por aqui.”
Rodrigo De Lorenzi, mediador da mesa, reforça a urgência dessas narrativas: “Distopias servem para refletir sobre a sociedade atual ao exagerar situações reais. Num Brasil cada vez mais estranho e polarizado, esse tipo de literatura pode ser uma ferramenta poderosa de debate e crítica social.”
Outro destaque é o painel Araucárias, magias e dragões: o imaginário fantástico em mãos curitibanas, que propõe uma reflexão sobre identidade, território e invenção. “A fantasia feita em Curitiba carrega neblinas, assombrações, bairros e personagens que caminham entre o urbano e o mítico. É uma forma de resistência e de expressão profunda das nossas vivências locais”, afirma Fábio Marcolin, um dos participantes.
A diversidade de experiências também marca o painel O homoerotismo como subversão na literatura, que reúne autores LGBTQIA+ para debater a literatura como espaço de liberdade afetiva e política. Para Vanessa Porto, “é preciso romper com a ideia de que nossos corpos só cabem no campo do tabu ou da pornografia. A literatura homoerótica é uma afirmação da nossa existência afetiva e sensível no mundo.” Arthur Cury complementa: “Essa escrita pode ser um portal de descoberta e pertencimento para quem cresce sem referências.”
Já no debate Crowdfunding é o novo clube do livro?, o foco é a transformação dos processos de publicação. Lua Bueno (Laboralivros), Rodrigo De Lorenzi e o influencer Rafael Maidl (conhecido nas redes como Rafa do Mika) discutem como leitores estão se tornando aliados ativos na construção de novos livros, fortalecendo comunidades e quebrando as barreiras do mercado tradicional. “Estamos navegando um novo mar de possibilidades na economia criativa. O financiamento coletivo pode ser uma alternativa sustentável para quem escreve e publica”, afirma Rodrigo.
Veja programação completa
Sábado | 17 de maio
- 10h - Oficina literária Transtexto: atravessando fronteiras literárias – com Dan Porto
- 11h10 - Painel: Crowdfunding é o novo clube do livro? – com Lua Bueno Cyríaco, Rodrigo De Lorenzi, Rafael Maidl
- 13h - Mesa redonda: E se o futuro distópico fosse em Osasco? – com Lucas Mota e Stephanie Caroline (Mediação: Rodrigo De Lorenzi)
- 14h10 - Sessão de autógrafos do Coletivo Marianas
- 15h20 - Palestra: Fábrica do Livro – apresentação da patrocinadora
- 16h30 - Mesa redonda: Entre linhas e desejos – o homoerotismo como subversão na literatura – com Arthur Cury e Vanessa Porto (Mediação: Cristian Abreu de Quevedo)
- 17h40 - Painel: Araucárias, magias e dragões – o imaginário fantástico em mãos curitibanas – com Fábio Marcolino e Fúlvio Pacheco (Mediação: Cristian Abreu de Quevedo)
- 18h50 - Mesa redonda: Etarismo na literatura – representações e desafios – com Luci Collin, Maria Lorenci e Eva Coller (Mediação: Francine Cruz)
Domingo | 18 de maio
- 11h30 - Oficina de ilustração “Desenha que passa” – com Gerson Cordeiro (Editora Insight)
- 13h - Lançamento “Entre o corpo e a caneta”, de Melissa Reinehr – livro-diário interativo para mulheres que decidiram fazer da sua própria história um lugar de cura e de potência.
- 13h30 - Palestra: Fábrica do Livro 2 – apresentação da patrocinadora
- 14h40 - Painel: Literatura indígena – vozes, memória e resistência – com Olívio Jekupé, Jovina Renhga, Ceia Bernardo Kavenhkág
- 15h50 - Painel: Quilombo, periferia e centro – vozes pretas em movimento – com Jô Macario, Nará Souza, Célio Jamaica, Aline Reis
- 17h00 - Mesa redonda: Literatura transgênero – vozes, representatividade e resistência – com Maria Vitória Rosa, Amanda Leal, Sam Gomes, Mercuria, be rgb, Rivka
SERVIÇO
Trama – Festival Literário das Editoras Independentes de Curitiba e Região
Local: Alfaiataria Espaço de Arte (Rua Riachuelo, 274 — Curitiba / PR)
Data: Dias 17 e 18 de maio. Sábado: das 10h às 20h | Domingo: das 11h às 18h