Portugal vê faturamento do mercado editorial privado crescer 8,8% em 2024
PublishNews, Guilherme Sobota, 23/01/2025
Crescimento nominal acima da inflação mostra bom momento do varejo português de livros

Feira do Livro de Lisboa será de 4 a 22 de junho de 2025 | © APEL
Feira do Livro de Lisboa será de 4 a 22 de junho de 2025 | © APEL
A Associação Portuguesa de Editoras de Livros (Apel) divulgou os números do mercado editorial português privado em 2024: 8,8% de crescimento nominal no faturamento (203,7 milhões de euros) e 6% de aumento no número de exemplares vendidos em relação ao ano anterior (13,9 milhões de exemplares).

Os números são do painel GfK – empresa que audita as vendas ao consumidor final de uma amostra representativa do mercado português, composta maioritariamente por varejistas da grande distribuição (especializados e não especializados). A estimativa oficial é que a pesquisa mede 85% do mercado privado.

O preço médio do livro, segundo a pesquisa, ficou em 14,59 euros – cerca de R$ 90 no câmbio simples. A pesquisa separa os dados em apenas dois canais de vendas: Livrarias/Outros (79% do valor e 71% das unidades) e Hipermercados (20% do valor e 29% dos exemplares). A inflação no país em 2024 foi de 2,4%.

“O crescimento do mercado editorial português no ano de 2024 é bastante impressionante se comparado com os países da Europa por exemplo como França e Alemanha", analisa o consultor editorial e embaixar de áudio da Feira de Frankfurt, Carlo Carrenho. "Além disso é importante salientar que o crescimento ficou muito acima da inflação caracterizando portanto um crescimento real. Embora atue em um mercado pequeno, a indústria editorial portuguesa se mostra bastante robusta e merece sempre ser observada com atenção por editores de outros países particularmente pelos editores brasileiros".

Para o editor e distribuidor em Portugal e colunista do PublishNews, Jaime Mendes, é importante notar a boa participação no volume de vendas de livros infantojuvenis, cerca de 34% do volume total. "Os jovens estão comprando mais, ajudando a criar novos leitores em um país com população bem envelhecida. É fundamental para o mercado que existam esses novos leitores", analisa.

No final de 2024, o governo português liberou os recursos do Programa Cheque-Livro, em que jovens de 18 anos recebem 20 euros para usufruir da compra de livros em livrarias físicas do país.

Mendes – que atua em Portugal com a Saudade Livraria e Distribuidora, importando livros brasileiros – ainda avalia que os números podem ser ainda maiores, já que muitas livrarias e outros tipos de operação, como a própria importação, acabam ficando de fora da medição.

"Uma das grandes dificuldades do mercado aqui é as livrarias conseguirem sobreviver aos aluguéis muito altos. Isso afeta as pequenas mas também as grandes. A Fnac entregou recentemente uma loja no Porto num ponto de alta circulação, não conseguia pagar as despesas. A própria Leya tinha algumas livrarias mais antigas que também precisaram fechar", comenta.

Veja os números da pesquisa:

[23/01/2025 10:20:00]