Beatriz Sarlo, crítica cultural e escritora argentina, morre aos 82 anos
PublishNews, Guilherme Sobota, 17/12/2024
Ao longo de sua trajetória, a pesquisadora cultivou vínculos com intelectuais e escritores brasileiros, e diversos de seus livros foram traduzidos e publicados por aqui

Beatriz Sarlo participa da Flip, em 4 de julho de 2015 | © Walter Craveiro / Flip
Beatriz Sarlo participa da Flip, em 4 de julho de 2015 | © Walter Craveiro / Flip
A ensaísta, escritora e jornalista argentina Beatriz Sarlo morreu nesta terça-feira (17) aos 82 anos, de acordo com o jornal Página12. Ela foi uma das intelectuais mais relevantes da Argentina, unindo estudos culturais, crítica literária e leituras históricas na interpretação da modernidade e da pós-modernidade. Ao longo de sua trajetória, cultivou vínculos com intelectuais e escritores brasileiros, e diversos de seus livros foram traduzidos e publicados por aqui. Sarlo teve um AVC e estava internada há algumas semanas.

Ela nasceu em 29 de março de 1942, e fez sua formação universitária na Universidad de Buenos Aires (UBA), na qual era professora aposentada e pesquisadora na Facultad de Filosofía y Letras. Também deu aulas em diversas universidades norte-americanas e em Cambridge, na Inglaterra.

Seus primeiros ensaios eram estudos sobre a crítica literária no século XX. Depois, integrou o conselho de redação da revista Los libros até 1976, quando deixou de ser publicada. Durante a ditadura militar, desenvolveu pesquisas sobre temas da literatura argentina, nacionalismo cultural e vanguardas.

Em 1985, publicou El império de los sentimientos, sobre narrativas populares; em 1988, Una modernidad periférica: Buenos Aires 1920-1930; em 1992, La imaginación técnica: sueños modernos de la cultura argentina; em 1994 e 1996, foram lançados alguns de seus mais importantes estudos culturais, Escenas de la vida posmoderna e Instantânea; em 1998, uma pesquisa sobre três episódios da cultura moderna na Argentina, La máquina cultural; em 2000, publicou Siete ensayos sobre Walter Benjamin. De lá para cá, diversas reuniões de ensaios também foram publicadas.

Era colaboradora habitual de jornais como o Página/12 e o Clarín e, entre 1978 e 2008, dirigiu a respeitada revista de cultura e política Punto de Vista.

Sarlo participou da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2005 e em 2015. Recebeu, em 2009, a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura.

Entre diversos de suas obras publicadas no Brasil, estão A cidade vista: Mercadorias e cultura urbana (WMF Martins Fontes, tradução de Monica Stahel); Sete ensaios sobre Walter Benjamin e um lampejo (Editora UFRJ, tradução de Joana Angélica d`Avila Melo), Paisagens imaginárias: Intelectuais, arte e meios de comunicação (Edusp, tradução Mirian Senra); e Jorge Luis Borges, um escritor na periferia (Iluminuras, tradução de Samuel Titan Jr.). Mais recentemente, a e-galáxia publicou Viagens: Da Amazônia às Malvinas, com tradução de Ricardo Lísias e André de Oliveira Lima, bem como uma edição da revista Peixe Elétrico com ensaios da autora.

Seu livro mais recente é Las dos torres: ¿Puede la cultura contemporánea pensar algo nuevo? (Siglo XXI Editores), lançado no início deste ano com alguns ensaios inéditos sobre as formas culturais contemporâneas.

[17/12/2024 09:20:00]