Uma crítica radical e rigorosa aos discursos eurocêntricos
PublishNews, Redação, 12/12/2024
Título fala do engajamento crítico com o trabalho de estudiosos africanos num mundo moderno que tanto se sustentou na negação racista

Primeira edição brasileira de um dos maiores clássicos do pensamento africano, Sobre a “filosofia africana” (Edições Sesc, 344 pp, R$ 89,90 – Trad.: César Sobrinho) é um convite para o engajamento crítico com o trabalho de estudiosos africanos num mundo moderno que tanto se sustentou na negação racista da capacidade intelectual de pessoas negras. As aspas no título não são um detalhe, pois simbolizam um olhar que coloca sob suspeita a ideia de uma filosofia africana produzida a partir de lentes eurocêntricas. Desenvolvendo uma contundente crítica à etnofilosofia, baseada na suposta existência de um pensamento coletivo africano, Paulin J. Hountondji defende a passagem da África-objeto para a África-sujeito, de modo que a filosofia africana nada mais que é “o conjunto de textos produzidos por africanos e qualificados como filosóficos por seus próprios autores”. Assim, o que está em jogo no uso do adjetivo “africana” não é um sentido essencialista, mas a busca pela afirmação de um protagonismo negro-africano na filosofia que não está submetido aos ditames de uma ciência eurocêntrica. Ao longo do livro, o autor põe em prática sua visão ao dialogar criticamente com Aimé Césaire, Kwame Nkrumah, Leopold Senghor, Anton Wilhelm Amo, entre outros.

[12/12/2024 07:00:00]