Poéticas intermídia
PublishNews, Redação, 17/10/2024
Uma perspectiva que funde à metalinguagem e à experimentação técnico-formal a pesquisa de cadências e timbres que remetem às poéticas africanas e afro-diaspóricas

Tornei de Luanda um kota (Impressões de Minas + Lira, 92 pp, R$ 80) fecha um ciclo iniciado, em 2015, com o livro Impossível como nunca ter tido um rosto, ao qual se seguiram Antiboi, de 2017, Extraquadro, de 2022, e Diário da encruza, de 2023. O que aproxima esses títulos é a tentativa de tematização do contexto social e político brasileiro, sempre de uma perspectiva que funde à metalinguagem e à experimentação técnico-formal a pesquisa de cadências e timbres que remetem às poéticas africanas e afro-diaspóricas. A ideia do novo livro de Ricardo Aleixo surgiu em Luanda, no ano passado, na primeira ida do poeta ao continente africano: “Foi lá que eu me assumi plenamente como um “kota”, isto é, um velho, na acepção conferida pela cultura angolana ao envelhecimento. Um kota é alguém respeitado pela coletividade, não um ser descartável, como ocorre no Brasil e em muitos outros países em que predomina a praga do etarismo. Primeiro me ocorreu o título, que eu achei, num primeiro momento, que apontava para um livro de crônicas. Até que surgiu o poema-título, e logo outros, num processo de composição que durou cerca de um ano e meio”.

[17/10/2024 07:00:00]