
A Feira do Livro de Frankfurt iniciou sua 76ª edição nesta semana sob o tema “Leia. Reflita. Relacione.”. Mais uma vez, o maior evento do setor pretende discutir as tendências do mercado editorial global, com destaques para temas como inteligência artificial, áudio, o gênero new adult, games e comics.
Convidada de honra desta edição, a Itália também merece destaque. Com o mote “Raízes do futuro”, o país transformou seu Pavilhão em uma Piazza, segundo o arquiteto Stefano Boeri – responsável pelo espaço – “um dos lugares e espaços mais identificáveis da Itália”, e terá, durante a semana, a participação de mais de 100 autores. O pavilhão, aliás, impressiona pelo seu formato e versatilidade: com um espaço central – assim como uma praça – que dá para diversas salas com exposições de obras de arte, relíquias italianas, e livros italianos traduzidos para o alemão.
Sem deixar de lado o seu viés político, a Feira apresenta também o seu programa cultural-político sob o título "Frankfurt Calling – Perspectivas sobre cultura e política". Ele ocorrerá durante toda a semana da feira no Ágora e em outros palcos. O programa inclui palestrantes como Roberto Saviano, Eva Menasse, Omri Boehm e Atef Abu Saif – autor palestino que participou da programação oficial da Flip na última semana.
A participação brasileira também merece destaque: há as empresas que vieram através do Brazilian Publishers, com o CreativeSP e de maneira independente, todos espalhados pelos pavilhões do Messe.
Pedro Almeida, publisher da Faro Editorial, destaca a participação da Itália como país homenageado deste ano. “É uma boa oportunidade para conhecer a literatura e autores italianos, que têm produzido coisas muito interessantes e de alcance universal. Além disso, há vários gêneros que estão surgindo forte, como releituras de contos de fadas, healing fiction – que está todo mundo de olho – e livros com personagens de perfis psicológicos ‘interessantes’, como psicopatas e sociopatas que vão de situação desde cômicas até serial-killers, numa onda forte de true crime, mas contada em outros gêneros e subgêneros como thriller, romance, comédia”, destaca. Ainda segundo o publisher da Faro, há uma expectativa enorme com a feira. “Isso porque o mercado brasileiro, de uns dois meses para cá, voltou a aquecer depois de um período que estava um tanto parado”, completou.
Flavia Lago, editora do Grupo Autêntica, que também está na feira junto com Bia Nunes, tem uma visão parecida com a de Pedro. "O mercado está bem aquecido. Temos uma presença dos brasileiros bem forte por aqui e acho que voltou como era realmente antes da pandemia em termos de oferta e perspectivas", disse ao PN. "Estou sentindo que as coisas estão indo muito rápido e a gente quase nem tem tempo de pensar, os editores estão se movendo muito rapidamente".
Sobre tendências, Lago comenta que a procura do Grupo é focada nos selos Vestígio e Gutemberg. "No caso da Gutemberg, temos ainda a tendência muito forte da romantasia e comédias românticas, isso é o que estou vendo de mais forte", disse. Além da healing fiction, Flavia também destaca os thrillers psicológicos. "Não sei se é uma tendência que vai se confirmar, mas tem uma força bastante evidente nos catálogos para esse segmento. Thriller sempre foi uma constante, mas não era algo com muita novidade", apontou.
Já Karine Pansa – que participa dos seus últimos eventos como presidente da International Publishers Association (IPA) – tem percebido que o furacão da IA está cada vez mais forte e presente no nosso mercado. "O que vi as pessoas discutindo agora é sobre a questão da sustentabilidade relacionada à inteligência artificial nas questões de usinas de energia que algumas empresas estão fazendo aquisições, e o quanto isso pode ser prejudicial pro meio-ambiente, acho que essa é a discussão do momento", disse.
*A jornalista viajou com o apoio do CreativeSP, e do Publishing Perspectives, veículo de comunicação ligado à Feira de Frankfurt.