A abertura oficial foi marcada por discursos dos representantes das instituições Goethe-Institut São Paulo, Embaixada da França, SP Leituras e Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, que enfatizaram o papel das bibliotecas como centros de inclusão e inovação social, trazendo para o debate as formas que as bibliotecas podem usar com ética e responsabilidade as tecnologias para avançar em sua missão social.
Logo após a abertura, a primeira palestra do dia 10, conduzida por Marcus Rei, coordenador do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo (SisEB), no âmbito da Unidade de Difusão Cultural, Bibliotecas e Leitura da Secretaria, explorou os 40 anos de atuação da instituição para inspirar, fortalecer e transformar as 1.448 bibliotecas/salas de leitura de acesso público cadastradas no território paulista.
Em seguida, foi a vez da mesa-redonda Inteligência a serviço da inteligência – As bibliotecas no tempo da IA. Frank Seeliger, da Biblioteca da Universidade de Wildau, e Philippe Colomb, do Comitê Francês Internacional de Bibliotecas e Documentação, trouxeram as perspectivas do tema na Alemanha e na França, respectivamente. Segundo eles, precisamos olhar com criticidade para as promessas da IA e atender os usuários com informações seguras. A atividade contou com mediação de Valéria Valls (FESPSP e CFB). O público foi engajado a pensar como os profissionais de bibliotecas podem ser os protagonistas da curadoria de informações.
Na etapa seguinte, Tamires Conceição (SEBP-BA) e Laura Niembro (FIL Guadalajara, México) revisitaram questões cruciais sobre Inteligência digital na gestão e organização de eventos literários. Para Niembro, a IA pode sim trazer melhorias para as experiências, mas ainda é mais uma promessa do que realidade ao se referir aos eventos culturais. Essas ferramentas deixam, muitas vezes, talentos que não estão no mainstream fora dos holofotes.
Um dos pontos marcantes do evento foi a discussão sobre IA e tendências futuras nas bibliotecas, que contou com a participação de Beth Ponte (Deck Inteligência Digital para Cultura), Leonardo Assis (USP) e Silvana Vidotti (Unesp) e mediação de Letícia Fagiani (SP Leituras). A mesa-redonda provocou uma reflexão a respeito de a biblioteca ser um componente essencial das sociedades do conhecimento, e por isso precisar se adaptar continuamente aos novos meios de comunicação para cumprir com sua função de fornecer acesso universal à informação e permitir que todas as pessoas possam fazer uso significativo dela.
As diferentes perspectivas abordaram desde oportunidades e ameaças até curiosidade e cuidados com as tecnologias emergentes, com ênfase nas soluções criativas para os desafios enfrentados pelas bibliotecas.
No entanto, uma das falas mais impactantes veio de Philippe Colomb, do Comitê Francês Internacional de Bibliotecas e Documentação, logo no início do Seminário - que afirmou: “ler um bom livro não pode ser substituído por nada”.
Durante o intervalo das palestras, os participantes puderam explorar sessões de pôsteres digitais e atividades paralelas, como a intervenção artística de Camila Genaro.
O primeiro dia do evento deixou claro que as bibliotecas estão em constante evolução, com discussões que apontam para uma necessidade urgente de adaptação às novas demandas sociais e tecnológicas. Com uma programação intensa, o evento promete continuar trazendo à tona reflexões importantes sobre o futuro desses espaços.
Segundo dia
A manhã do dia 11 começou com a mesa-redonda "Inteligência a serviço da inteligência: As bibliotecas no tempo da IA", que contou com a participação de Anna Kasprzik, do Centro de Informação para Economia de Leibniz (Alemanha), e Jean-Philippe Moreux, da Biblioteca Nacional da França. Ambos trouxeram exemplos concretos de como as bibliotecas europeias estão integrando inteligência artificial em suas operações diárias, destacando desde a automação de processos até a personalização dos serviços ao usuário. Ana enfatizou que não existem soluções prontas, sendo necessário o trabalho colaborativo, começando pelas pessoas que gerem esses espaços, mas também com outras parcerias institucionais.
A mediação de Pierre André Ruprecht (diretor executivo da SP Leituras) guiou o debate, ressaltando o papel fundamental das bibliotecas como facilitadoras de acesso à informação e às tecnologias.
Logo após, a mesa-redonda "Tecnologias informacionais e inclusão digital" trouxe uma reflexão sobre o papel das bibliotecas na democratização do acesso às tecnologias. As convidadas Bárbara Coelho Neves, da UFBA, e Regina Gavassa, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, discutiram como a inclusão digital pode e deve ser promovida através dos espaços bibliotecários. Para elas, é fundamental fornecer acesso às novas ferramentas digitais, mas somente após garantir o letramento digital necessário. A mediação ficou por conta de Aline Franca, do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP/Minc).
A manhã seguiu com as sessões de pôsteres digitais, onde foram apresentados projetos de grande relevância. Entre os destaques estavam o pôster da Biblioteca de São Paulo e da Biblioteca Parque Villa-Lobos, que abordou o papel das bibliotecas na inserção social e cultural, e outro da Escola de Comunicações e Artes da USP, que revisitou a história do Sistema de Bibliotecas Públicas de São Paulo entre 1984 e 1996. O projeto de organização de uma biblioteca comunitária no Centro Cultural Afro-brasileiro Solano Trindade também gerou interesse, exemplificando a força desses espaços na promoção da leitura em áreas periféricas.
Após o intervalo, a tarde trouxe uma das atividades mais esperadas do dia: o "Encontro com Escritores", mediado pela jornalista Gabriela Mayer. Os autores Giovana Madalosso, Paulo Scott e Cristino Wapichana conversaram com o público sobre suas experiências com leitura e literatura, reforçando a importância dos livros como pontes de diálogo e transformação cultural. O encontro foi uma oportunidade para aproximar escritores e público, ao compartilharem as razões que os levaram a se tornarem leitores. Wapichana conquistou a plateia ao afirmar que é o bibliotecário quem dá vida e movimento à biblioteca.
Para Pierre André Ruprecht, diretor executivo da SP Leituras, o segundo dia do Seminário provocou reflexões importantes sobre o papel social das bibliotecas, destacando a urgência de debates sobre as novas realidades tecnológicas e a responsabilidade social dessas instituições em promover a inclusão digital.
O 15º Seminário Internacional Biblioteca Viva foi promovido pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, pelo Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo (SisEB) e pela SP Leituras – Associação Paulista de Bibliotecas e Leitura.