InterLivro 2024 destaca IA e leitores do futuro com participações internacionais
PublishNews, Guilherme Sobota, 10/09/2024
Encontro promovido pelo PublishNews em parceria com a Bienal Internacional do Livro de São Paulo reuniu profissionais brasileiros com convidados de Colômbia, Chile, Espanha e Portugal

Evento promovido pelo PublishNews chegou à sua 7ª edição em 2024 | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Evento promovido pelo PublishNews chegou à sua 7ª edição em 2024 | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
A 7ª edição do InterLivro – Encontro Internacional de Profissionais do Livro foi realizada nesta segunda-feira (9), dentro do Espaço Papo de Mercado MVB da 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo – e contou com convidados internacionais, mesas lotadas e discussões sobre temas correntes do mercado.

Na primeira parte do evento, realizada pela manhã, a curadoria do PublishNews propôs um formato de mesas mais rápidas, com comentários gerais sobre o status do mercado editorial, focadas em assuntos de interesse para editores e outros profissionais do setor. O dia começou com a apresentação de Natalia Vieira, do Radar de Licitações, explicando onde estão as oportunidades de vendas de livros ao governo e mostrando como é possível alcançá-las.

Em seguida, Samuel Seibel (fundador da Livraria da Vila) e Cynthia Muller (coordenadora comercial da Planeta) falaram sobre as relações atuais entre editoras e livrarias. Seibel comentou que tem percebido uma boa demanda por novas livrarias (“onde a gente abre geralmente dá certo”), e, entre outros assuntos abordados, os panelistas foram questionados sobre a Lei Cortez. “É um sonho a Lei Cortez”, comentou Cynthia, “porque a gente vai conseguir ter melhores preços. Quando a gente define o preço hoje em dia, consideramos o desconto e as negociações, são muitas variáveis. Vai ficar mais justo para a cadeia, e o leitor vai passar a escolher o serviço, não necessariamente o produto”.

Essa dificuldade de definir os preços dos novos livros – levando em conta os possíveis descontos e outros fatores incertos de negociação – tem sido uma constante entre as conversas dos profissionais do setor nos últimos dias.

Samuel Seibel e Cynthia Muller no InterLivro 2024 | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Samuel Seibel e Cynthia Muller no InterLivro 2024 | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
No painel sobre bibliotecas virtuais e plataformas digitais, Giselle Guimarães (Minha Biblioteca) e Joana de Conti (Bookwire Brasil) conversaram sobre os modelos de negócio e remuneração existentes – as plataformas apresentam crescimento acelerado nas últimas pesquisas. Um dos consensos da mesa foi sobre a importância da participação dos professores, em sala de aula, no estímulo à utilização das bibliotecas virtuais das universidades.

Sobre internacionalização da literatura brasileira, Rayanna Pereira (Brazilian Publishers/CBL) e Anna Luiza Cardoso (LV&Co) ressaltaram que o cargo de scout literário ainda não se consolidou no Brasil, e que esse trabalho de descoberta geralmente recai sobre o agente. Ambas também reconheceram o importante papel das editoras pequenas no processo de internacionalização. No fim da primeira etapa, Ricardo Costa (CEO da MVB América Latina) e Cristiane Martins (Gerente de Produto) responderam dúvidas de editores e outros profissionais sobre metadados, com dicas e soluções (“Uma dica muito simples é se colocar no lugar do leitor: se ele busca um livro de capa amarela, essa é uma informação importante”).

Segunda etapa

Na segunda etapa, à tarde, a socióloga e coordenadora do Centro Nacional de Inteligencia Artificial (Cenia), do Chile, Cristina Flores Sanhueza, deu um panorama sobre os entendimentos de inteligência artificial atualmente, e reforçou uma percepção que vem se consolidando nos últimos meses: os profissionais do mercado editorial são usuários ideais das ferramentas das novas tecnologias. “A IA generativa não existe sem a indústria editorial a médio prazo”, disse. “Existe uma relação simbiótica que não está sendo explorada. Desenvolver competências e entender a tecnologia é urgente para aproveitar as oportunidades da revolução”.

Em seguida, Cristina também participou da mesa que abordou os modelos de negócios para os audiolivros, com Marcelo Gioia (Bookwire Brasil), André Palme (Skeelo) e Gustavo Roa Nieto (Centauro Comunicaciones). A mesa reconheceu o sucesso dos modelos de assinatura, mas os participantes deixaram claro que o mercado no Brasil ainda está em seu início – o que, por outro lado, também o abre para novas possibilidades e oportunidades. O interesse gerado pelo assunto fez com que o Espaço ficasse lotado, com gente para fora querendo ouvir as apresentações.

Mesa sobre audiolivros: plateia lotada | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Mesa sobre audiolivros: plateia lotada | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
A mesa seguinte abordou questões de leitura e formação de leitores no Brasil e na Colômbia. Zoara Failla, coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura do IPL, apresentou números da última edição em comparação com o Panorama do Consumo de Livros, de 2023. Ela também atualizou os presentes sobre a edição atual da Pesquisa, que será divulgada ainda este ano, e mencionou que agora há um capítulo específico voltado para a leitura digital. “É uma pesquisa de opinião, a gente precisa confiar no relato. Mas o alto índice de leitura da Bíblia me inquieta, por exemplo, porque a gente contabiliza e acaba tendo um dado inflado sobre a quantidade real de leitores”, comentou. A mesa ainda contou com Ângelo Xavier (presidente da Abrelivros), Silvia Castrillón (fundadora das instituições Fundalectura, Asolectura e ACLIJ na Colômbia) e Karine Pansa (presidente da International Publishers Association).

Com o microfone, a especialista em formação de leitores Silvia Castrillón | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Com o microfone, a especialista em formação de leitores Silvia Castrillón | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
O painel final abordou as particularidades dos gêneros que se encaixam sob o guarda-chuva “young adult” – inclusive, um dos questionamentos da plateia foi sobre o uso do termo em inglês para designar o gênero literário. Apesar das diferenças entre os mercados de Brasil e Portugal, os editores Rafaella Machado (Grupo Record) e Rodrigo Manhita (Penguin Random House Portugal) concordaram que também é preciso refletir sobre as diferentes classificações. “O YA deixa de ser um segmento etário para ser um gênero literário próprio, e não como classificação etária”, comentou Rodrigo.

HUB PN e Jovens Talentos

O dia se encerrou com dois anúncios. O primeiro, sobre a nova iniciativa do PublishNews, o HUB PN. Com o slogan "Conectando leitores e o mercado do livro", o canal de comunicação online está hospedado no WhatsApp e nada mais é do que uma comunidade para reunir pessoas em grupos de assuntos específicos. O modelo permite que editoras, autores, livrarias, empresas do setor – e o próprio PN – informem, anunciem novidades sobre prêmios e eventos literários, vagas de emprego no mercado editorial e outras informações relevantes de uma maneira objetiva e prática.

Em seguida, a capista e ilustradora Ing Lee foi anunciada como a vencedora do Prêmio Jovens Talentos da Indústria Editorial 2024. A ilustradora mineira que iniciou sua carreira expondo em feiras gráficas com projetos experimentais de HQs viajará para a Feira de Frankfurt com as despesas de passagem e hospedagem custeadas pela organização do prêmio.

A vencedora do Jovens Talentos 2024, Ing Lee | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
A vencedora do Jovens Talentos 2024, Ing Lee | © Bienal Internacional do Livro de São Paulo
O InterLivro é uma realização do PublishNews, com patrocínio de MVB, Skeelo e Radar de Licitações, e apoio da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Gráfica Viena e Faculdade LabPub. A curadoria foi dos jornalistas do PN, Guilherme Sobota e Talita Facchini.

[10/09/2024 11:30:00]