
A Casa Guilherme de Almeida traz uma programação em torno da temática Olhar estrangeiro, debatendo as diferentes representações de Brasil que circularam na Europa durante a colonização. O tema também norteia a 13ª edição do Transfusão, encontro anual realizado pelo museu que neste ano começa em 31 de agosto. O 13º Transfusão traz as narrativas de estrangeiros sobre viagens ao Brasil, tradução de obras literárias brasileiras, visões de naturalistas e cientistas europeus sobre a Amazônia, repercussões do passado colonial nas autoimagens do Brasil e muito mais.
No sábado, dia 31 de agosto, a partir das 14h, a visita O Estrangeiro de Macunaíma inicia o passeio pelo acervo do museu Casa Guilherme de Almeida, rico em obras de modernistas como Anita Malfatti Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral. Em seguida, o público seguirá para a Casa Mário de Andrade, onde poderá conhecer a exposição imersiva A origem de Macunaíma, que conduz os visitantes à Amazônia por meio de experiência virtual e realidade aumentada. A proposta dessa mostra é seguir os passos do etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg, cuja pesquisa inspirou Mário de Andrade a escrever o livro Macunaíma.
Dando continuidade a esta temática das expedições à Amazônia feita por Koch-Grünberg, no dia 4 de setembro, às 19h, o público poderá participar do bate-papo Mário de Andrade e a Etnografia Alemã, com o antropólogo Erik Petschelies. A conversa mostrará como os relatos do etnólogo alemão, e os mitos indígenas coletados por ele, foram fundamentais para o romance Macunaíma.
E o Transfusão 2024 também terá programação infantil no dia 7 de setembro, a partir das 11h. Na oficina Olhares brasileiros: pinturas que contam histórias, comandada pelas educadoras Ana Paula Iannone e Ialê Cardoso, os pequenos criarão as próprias obras de arte tendo como inspiração a rica diversidade da nossa fauna, flora e cultura, como se estivessem apresentando o Brasil para o resto do mundo. A atividade ocorre no deck da Casa Guilherme de Almeida.
Ainda no dia 7, às 14h, acontece o bate-papo Do tcheco ao português: literatura de vanguarda brasileira, com a tradutora e ensaísta tcheca Sárka Grauová. Nesta conversa, Grauová compartilha experiências em relação à literatura brasileira, já que foi a responsável por traduzir para o tcheco as obras Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis, e Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), de Lima Barreto. A atividade tem o apoio da Embaixada da República Tcheca.
Já o encontro Traduzindo a Amazônia, com as professoras universitárias e tradutoras Andrea Cesco, Luana Freitas e Marie-Helène Torres, ocorre no dia 10 de setembro, às 19h. Aqui, as pessoas presentes conhecerão a importância da tradução de obras inéditas de literatura de viagem para o português, com destaque aos relatos de viajantes europeus e norte-americanos sobre a Amazônia. Inclusive de mulheres como Marie Octavie Coudreau que percorreu e fotografou o território amazônico brasileiro em 1900, com os relatos registrados no livro Viagem ao Cuminá, traduzido por Marie-Helène Torres, doutora em Estudos da Tradução pela Katholieke Universiteit Leuven, na Bélgica.
No dia 14, durante a visita Extremo Oriente e Modernismo, das 11h às 12h30, o educador Rodrigo Vieira mostra aos presentes as influências e diálogos entre a arte moderna e produções do Japão e da China, tendo em vista que Guilherme de Almeida manteve um acervo de artefatos desses dois países, além de se relacionar bastante com a literatura do oriente, tanto que era escritor de haicais e inventou o formato brasileiro do poema japonês. Guilherme também foi fundador da Aliança Cultural Brasil-Japão, entidade sem fins lucrativos com o objetivo de desenvolver o intercâmbio cultural entre os dois países.
E o tema Olhar estrangeiro se estende até outubro com o curso Vilém Flusser e a Bienal de São Paulo: Virada etnográfica das artes nos dias 16, 23 e 30 de outubro, às 19h. A rápida formação, ministrada pelo professor e pesquisador em literatura Rafael Alonso, busca refletir sobre a contribuição do filósofo Vilém Flusser no debate da “arte africana”, “arte negra” e “arte primitiva” durante a Bienal de São Paulo. Flusser participou ativamente de debates sobre a reformulação da Bienal no final da década de 1960, e integrou a equipe de curadoria na 12ª Bienal, em 1973.
Para ficar por dentro da programação completa do 13º Transfusão e demais atividades da Casa Guilherme de Almeida, acesse o site.
SERVIÇO
13º Transfusão - Encontro sobre tradução e outros trânsitos (31 de agosto a 14 de setembro)
Terça-feira a domingo, das 10h às 18h
Programação gratuita
Local: Casa Guilherme de Almeida (Rua Macapá, 187 – São Paulo / SP)