Brasil envia comitiva de escritores para a 28ª Feira Internacional do Livro de La Paz
PublishNews, Redação, 30/07/2024
Homenageado no evento na Bolívia, país terá comitiva formada pelos ministério da Cultura e Relações Exteriores

Cartaz da Feira do Livro de La Paz 2024 | © FIL
Cartaz da Feira do Livro de La Paz 2024 | © FIL
Difundir a literatura brasileira na Bolívia e promover o intercâmbio cultural entre os dois países. A partir desta quarta-feira (31), o Brasil participa da 28ª Feira Internacional do Livro de La Paz (FIL). Convidado de honra do evento, estará representado por comitiva composta por escritores e integrantes dos ministérios da Cultura e das Relações Exteriores. Esta é a terceira feira literária latino-americana em que o Brasil é homenageado neste ano – as anteriores foram Havana (Cuba), em fevereiro; e Bogotá (Colômbia), em abril.

Rogério Pereira, Rafael Gallo, Paula Fábrio, Joca Terron, Rogério Barbosa, Cristino Wapichana, Aline Bei, Paty Wolf, Luciene Carvalho, Helena Corezomaé, Matt Ferraz e Marcelo Pereira Rodrigues, assim como a quadrinista Helô D'Angelo e a artista Ruth Albernaz irão participar da mostra realizada até 11 de agosto no Recinto de Feiras Chuquiago Marka, na capital boliviana.

Em 2024, a feira tem como tema “Vozes e Memória da Natureza”. Os cartazes, criados pelo designer e ilustrador Oscar Zalles, apresentam uma onça, um macaco e uma arara, animais em risco de extinção e que vivem nos trópicos da Bolívia e do Brasil. A diversidade do país estará presente em mostras, exposições, eventos acadêmicos, conferências e palestras.

A programação literária do Pavilhão do Brasil terá debates como “O Romance e Outras Linguagens” e “Ancestralidades e Ficção de Autoria Indígena”, além de oficinas, leituras e exibições de filmes.

“Essa integração cultural entre os povos brasileiros e bolivianos é algo que interessa a América do Sul como um todo", destaca o diretor de Livro, Leitura e Bibliotecas da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli) do MinC, Jéferson Assumção. "E, mais uma vez, o livro, a literatura e a leitura estarão a serviço de estabelecer um clima de conhecimento mútuo, de cada vez mais a gente ter esse intercâmbio entre a literatura feita no Brasil e na Bolívia. Isso tudo é importante também para o desenvolvimento de uma sociedade democrática, internacional, que é o que nós queremos, e o livro e a leitura são instrumentos fundamentais para isso. Com certeza vai ser uma participação relevante desse ponto de vista, de podermos contribuir para o diálogo”, acrescenta, em comunicado do MinC.

“Em linha com a temática ambiental da feira, a programação brasileira será centrada no Pantanal, bioma compartilhado entre os dois países, e terá forte componente indígena. Nossa participação também ensejará a promoção de valores e interesses nacionais além da cultura, como nos setores de cooperação ambiental, esportivo, comercial e de investimentos”, afirma o embaixador do Brasil em La Paz, Luís Henrique Sobreira Lopes.

O presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Marco Lucchesi, destaca a relevância do evento para a diversidade cultural e a soberania popular. “A Bolívia e o Brasil: dois países que dispõem de um vasto patrimônio cultural: poetas e escritores de primeiras águas, uma literatura de muitas línguas e povos, em biomas que traduzem uma impressionante biodiversidade. E que buscam, ambos os países, o fortalecimento de laços diplomáticos e da democracia. A Biblioteca Nacional do Brasil orgulha-se de fazer parte da Feira do Livro de La Paz, como vinculada do MinC, sob a égide da cultura do plural e das liberdades”.

“A participação do Brasil como país homenageado na Feira do Livro de La Paz representa oportunidade privilegiada para difusão da riqueza literária do país. A homenagem fortalecerá os laços culturais entre os dois povos, promovendo a compreensão mútua, o intercâmbio cultural e a cooperação bilateral entre os países”, ressalta o diretor do Instituto Guimarães Rosa (IGR), unidade do MRE responsável pela diplomacia cultural brasileira, embaixador Marco Antonio Nakata.

Organizada pela Câmara Departamental do Livro de La Paz (CDLLP), a FIL terá mais de 500 atividades, com dez seções especiais. Participarão 200 escritores bolivianos e 40 estrangeiros – além dos brasileiros, nomes da Argentina, França, Chile, Peru, Colômbia, México, Itália, Reino Unido, Suíça e Espanha.

Lançamentos

Um dos lançamentos de livros por lá será El pequeño manual de autodefensa, pela El Cuervo Editorial, uma tradução de Pequeno manual de defesa pessoal (Bebel Books), de Helô D'Ângelo. É a primeira publicação internacional de um livro da editora de Bebel Abreu, resultado da sua participação na Feira do Livro de Frankfurt em 2023.

Diálogo

Para o escritor Joca Reiners Terron, autor de Onde pastam os minotauros (Todavia), a feira pode chamar a atenção para a literatura feita no Brasil. “Quando não há livros do escritor publicados no país que abriga o evento, é uma grande oportunidade de estabelecer diálogo e despertar um possível interesse relativo ao nosso trabalho e à nossa literatura como expressão artística”, comenta.

“Estamos vivendo um grande momento da literatura não só feita aqui no Brasil, mas em toda a América Latina, com destaque para os livros escritos por mulheres. É um momento interessante para o despertar da leitura e da escrita no nosso país, apesar de todas as dificuldades que enfrentamos, com feiras literárias, oficinas e clubes de leituras ganhando espaço em diversos estados brasileiros, além de serem oferecidos também em formato virtual”, analisa a autora de Pequena coreografia do adeus (Companhia das Letras), Aline Bei.

A presença brasileira no evento é resultado de ação conjunta entre o Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli), da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), Instituto Guimarães Rosa (IGR) e da Embaixada do Brasil em La Paz.

Sobre a FIL

Criada em 1996, a Feira Internacional do Livro de La Paz é considerada um espaço literário e artístico de destaque internacional. Foi reconhecida como Patrimônio Cultural da cidade em 2003, por incentivar a leitura e a escrita, bem como a diversidade cultural no país.

[30/07/2024 10:40:26]