Textos de lucidez e atualidade
PublishNews, Redação, 22/03/2024
Virginia Woolf conjuga reflexão filosófica e alta carga dramática ao tratar de um acontecimento tão singelo quanto a morte de um inseto

Umas das maiores ficcionistas do século XX, Virginia Woolf foi também ensaísta prolífica e inovadora, tendo escrito profissionalmente resenhas e artigos para periódicos, como o Times Literary Supplement, durante toda sua vida. Tal como na prosa de ficção, também nos ensaios ela ultrapassa os limites dos gêneros literários, propondo uma forma de pensar e de escrever mais aberta e menos categórica, que não se conformava aos padrões vigentes, de tradição fortemente masculina: “um livro de mulher não é escrito como seria se o autor fosse homem”. Os ensaios reunidos neste volume de Ensaios seletos (Editora 34, 336 pp, R$ 92 – Trad.: Leonardo Fróes) — com seleção, tradução, apresentação e notas de Leonardo Fróes — foram escritos entre 1905 a 1940 e cobrem os principais temas de sua vasta produção, com destaque para os ensaios literários e os biográficos, ambos majoritariamente dedicados a figuras femininas, como Jane Austen, as irmãs Brontë, Christina Rossetti e Mary Wollstonecraft, cujas vidas e obras Virginia resgata e homenageia. No âmbito da teoria, Ficção moderna, Carta a um jovem poeta ou Poesia, ficção e o futuro revelam uma escritora com enorme integridade crítica e capacidade analítica. Mulheres e ficção, de 1929 (protótipo do famoso ensaio Um quarto todo seu), permanece até hoje um estudo inspirador sobre as condições materiais e simbólicas da literatura escrita por mulheres. Já em A morte da mariposa, Virginia Woolf conjuga reflexão filosófica e alta carga dramática ao tratar de um acontecimento tão singelo quanto a morte de um inseto. No conjunto, estes Ensaios seletos franqueiam ao leitor o acesso a uma das mentes mais brilhantes da história da literatura, em textos de uma lucidez e atualidade.

[22/03/2024 07:00:00]