Três Perguntas do PN para Mauricio Stycer, um dos autores de 'Gilberto Braga: o Balzac da Globo'
PublishNews, Beatriz Sardinha, 29/02/2024
Jornalista lança pela Intrínseca livro sobre Gilberto Braga, notável nome na história da dramaturgia brasileira, assinado com Artur Xexéo

O jornalista Mauricio Stycer é um dos nomes mais conhecidos da cobertura de TV no Brasil, e agora ele está lançando o livro Gilberto Braga, o Balzac da Globo (Intrínseca), assinado com Artur Xexéo, também jornalista, falecido em 2021.

Na obra, a dupla retrata a trajetória de um dos maiores novelistas da história da televisão brasileira. “Balzac da Globo” é como Artur Xexéo e Mauricio Stycer se referem a Gilberto Braga, que era assim chamado por causa das temáticas abordadas pelo dramaturgo em suas novelas, que incluíam dinheiro, ambição e vingança. A mente fértil de Gilberto para criar histórias tem raízes nos acontecimentos de sua própria vida — que daria, por si só, uma novela, como a dupla de jornalistas nos apresenta na biografia, lançada em janeiro pela Intrínseca.

As histórias contadas por Xexéo e Stycer sobre a infância e a juventude de Gilberto Braga, que se dividiu entre a Tijuca e a Zona Sul do Rio de Janeiro, explicam o porquê de o autor ter se tornado um retratista tão prolífico das classes média e alta. Muitas narrativas presentes nas novelas de Gilberto foram baseadas nas vivências dele, que nunca abandonou o olhar crítico.

Mauricio Stycer respondeu a três perguntas do PublishNews.

PublishNews – Enquanto colunista e crítico de TV, como você vê a crítica midiática nos dias de hoje? Como essa prática mudou com a intermediação dos algoritmos das redes sociais e das grandes marcas?

Mauricio Stycer – Acho que dois grandes desafios da crítica de mídia são as fake news e a falta de conhecimento, do público em geral, sobre os meandros da produção jornalística. Por isso defendo que comunicação e mídia deveriam ser temas de aula nas escolas. Outro desafio grande, como você aponta, é a necessidade de estar muito atento ao que é produção de conteúdo informativo e o que é mera publicidade e divulgação de marcas. Penso, por exemplo, na cobertura de um evento de televisão como o BBB, que está cada vez mais próximo da publicidade.

Entrando um pouco no tema do seu novo livro, como você enxerga a relação do brasileiro com as telenovelas? O formato ainda é capaz de dialogar com as novas gerações?

Já há muito tempo, o brasileiro é alfabetizado em novelas. E elas tiveram muita importância não apenas no entretenimento do público, mas também na formação de valores e no combate a preconceitos e denúncias de problemas sociais. Com a revolução digital e a transição de parte do público para outras mídias, a televisão aberta perdeu um pouco da sua força, mas acho que ainda impacta bastante parte da população. Cito como exemplos recentes o sucesso do remake de Pantanal e a novela Vai na Fé.

Você co-assina o livro com Artur Xexéo, que infelizmente faleceu em 2021. Qual era sua relação com o jornalista? E qual o desafio de terminar um trabalho já em progresso?

Mauricio Stycer – Fui colega do Xexéo no Jornal do Brasil ao longo de 1986, quando comecei a trabalhar como jornalista. Ele era um profissional que eu admirava e respeitava, dez anos mais velho do que eu. Aceitei a proposta do Gilberto de continuar com o trabalho iniciado pelo Xexéo porque, entre outros motivos, entendi que seria também uma homenagem a este jornalista que respeito tanto.

[29/02/2024 10:00:00]