A coleção marcou época. Seus quatro livros, publicados originalmente entre 1971 e 1983, foram um contraponto literário durante a ditadura, sem levantar suspeitas pela censura. Isso graças à inteligência da autora, que contou a respeito: “Escrever para adulto naquela época era muito complicado, porque tinha um problema de censura brabésimo. Então, escrevi o Asdrúbal, que é um monstro fascista, que não presta. Como era para criança, não tinha censura prévia”.
Não bastasse a brecha que abriu na luta pela liberdade, a coleção foi precursora no gênero do livro ilustrado e dos quadrinhos, mostrando-se visualmente arrojada. A irreverência, a inteligência e a habilidade narrativa da autora, premiada e reconhecida por sua obra para adultos, especialmente nos últimos anos de vida, já estão presentes desde A breve história de Asdrúbal, primeiro livro de sua carreira.
Asdrúbal é um monstrinho de 700 anos de idade que adora fazer maldades com todo mundo. Seus feitos estão distribuídos nas obras A breve história de Asdrúbal, A verdadeira história de Asdrúbal, o terrível, Asdrúbal no museu e O triste fim de Asdrúbal, o terrível.
Os quatro títulos não tiveram novas edições desde que foram publicados nas décadas de 1970 e 80, sendo, hoje, raridades inclusive nos sebos especializados. A escritora e pesquisadora Laura Erber, em longo artigo sobre a coleção publicado em 2019 no Suplemento Pernambuco, pedia: “Por favor, reeditem o Asdrúbal”, demonstrando como a comunidade intelectual brasileira clama pela volta do monstro fascista.
De acordo com Strausz, a coleção Asdrúbal “é o tipo de livro que você lê de um jeito aos 10 anos, de outro aos 20 e de outro, muito mais abrangente, aos 40”.