
Em Os rostos que tenho, a escritora apresenta recortes de sua infância, na qual o fato de ser filha de duas culturas pautaram sua vida, mas sem jamais esquecer que seu avô lhe deu “A majestade da língua portuguesa”. Nela, Brasil e Espanha criam uma sinfonia que ecoa através de sua vida e de sua literatura. O leitor é convidado, ainda, a conhecer sua relação íntima com a palavra, com a criação, com a arte, com os seus contemporâneos. Em uma reflexão profunda sobre a finitude, reconhecemos a preciosidade de suas pegadas pelo mundo, pelos séculos, pelos gregos, pelo popular.
Valendo-se de sua extraordinária memória, ainda que a julgasse “propícia a trair”, bem como da poética que está na base de sua literatura, Nélida Piñon revela ao público, neste livro póstumo, suas máscaras mais sinceras, os vários rostos que usou ao longo da vida.

O prefácio desta primeira edição, assinado pelo escritor – e editor de Nélida Piñon – Rodrigo Lacerda, deixa um recado ao leitor: “Haveria ainda muito a se falar sobre o testamento literário de Nélida Piñon e seus rostos mutantes, ou, como diz o capítulo 46, suas “máscaras”. É melhor, no entanto, deixar que os leitores se surpreendam com o livro. E se emocionem com as derradeiras perguntas que Nélida deixa no ar, vendo próximo o fim de uma vida inteira dedicada ao poder de invenção e reinvenção pelas palavras.”