Com projeto gráfico do artista Julio Plaza (1937-2003), a nova edição traz também encartado um CD com 15 dos poemas que pertencem ao livro. Dez dessas músicas fazem parte do álbum Poesia é risco, lançado em 1995, com arranjos musicais e sonorização de Cid Campos, filho do poeta: “A essas produções, Cid, que vem revelando extraordinária sensibilidade para responder à provocação sonora de poemas aparentemente inviáveis ao tratamento musical, me sugeriu adicionar mais cinco, inéditas, com poemas também abrangidos pela antologia. Reconstitui-se, dessa forma, algo que se perdera na segunda edição: a dimensão ‘verbivocovisual’ desde o início almejada pelo projeto concretista”, apontou Augusto de Campos. Nas faixas do álbum estão musicados, entre outros, os poemas Rever, Ovonovelo, Cidade city, O anti-ruído e O quasar.
A antologia abrange três décadas, de 1949 a 1979, de trabalho literário do poeta, como os títulos O rei menos o reino (1949-1951), livro de estreia de Augusto de Campos, em que apresenta o emprego do poeta ao som, aspecto importante do projeto verbivocovisual defendido no Plano piloto para poesia concreta, publicado em 1958 na revista Noigandres.
Outras obras que marcaram a carreira concretista de Augusto de Campos estão presentes na obra, como Poetamenos (jan-jul 1953); Ovonovelo (1954-1960); Cidade acaso luxo (1963-1965); Popcretos (1964-1966); Profilogramas(1966-1974) e Enigmagens (1973-1977). Segundo Augusto de Campos: “Esta coletânea da minha poesia, abrangendo três décadas, teve sua primeira publicação em 1979 com a chancela da editora Duas Cidades. Até então, meus poemas só haviam aparecido em livro em publicações de autor. Houve uma segunda edição em 1986, pela Editora Brasiliense. A edição que agora oferece ao público a Ateliê Editorial é, de todas, a mais completa”.
De sua vasta trajetória, encontram-se no livro os famosos poemas Lygia fingers, Greve (1961), O quasar (1975), O pulsar (1975), Ovonovelo, O quasar, vida (1957), Luxo (1966) e Psiu! (1965), estes dois últimos, segundo o próprio poeta, recuperam a cor original. A edição da Ateliê Editorial acrescenta, em encarte, o poema-objeto Linguaviagem, que foi publicado como peça autônoma em 1970. Augusto também explicou que a antologia devolve a impressão cromática a alguns poemas como os popcretos, SS, O anti-ruído, Goldweater, que foram expostos na Galeria Atrium em 1964 juntamente com os quadros-objetos de Waldemar Cordeiro. Já em Olho por olho (1964), por causa do restauro digital, percebe-se com todas as cores e com maior legibilidade, assim, apontando os sinais que denunciavam o golpe militar.
Para o editor e professor Plinio Martins Filho, fundador da Ateliê Editorial, publicar Viva Vaia “é uma enorme honra, inclusive diversas editoras grandes quiseram publicar esse livro, mas Augusto preferiu ficar com a gente”. Ele disse também: “no lado pessoal, conheço Augusto desde quando eu trabalhava na Perspectiva, tornando-se uma amizade de longa data. Por ser um grande poeta e tendo Viva Vaia o seu livro mais importante da carreira, para a editora é um prazer ter no catálogo essa obra de um dos fundadores do Concretismo”.