O evento de lançamento da nova edição do livro será na próxima terça-feira (7/11), às 19h, na Livraria Drummond do Conjunto Nacional (Avenida Paulista, 2.073, São Paulo / SP).
Fernando Scheller respondeu a três perguntas do PublishNews.
PublishNews – Como foi a decisão de relançar o livro com novos conteúdos, anos depois, do ponto de vista editorial? Quero dizer, mudar o livro de editora teve peso nessa decisão?
Fernando Scheller – A mudança de editora foi fundamental para que O amor segundo Buenos Aires tivesse uma nova vida. A versão original, lançada em 2016, não ganhou uma reimpressão e estava esgotada desde 2019 – apesar de a tiragem inicial ter sido de 10 mil exemplares. Com isso, a editora anterior perdeu os direitos do livro. Após a HarperCollins ter lançado meu livro posterior – Gostaria que você estivesse aqui, de 2021 –, manifestei o desejo de ver O amor segundo Buenos Aires de novo nas livrarias. Junto com isso, surgiu a ideia de fazer uma edição realmente especial. Por isso, decidi escrever cinco capítulos novos – o que só foi possível por se tratar de uma história aberta, que segue o dia a dia dos personagens ao longo do tempo. Durante o processo de edição, a Harper veio com a ideia das ilustrações sobre os locais reais de Buenos Aires em que os capítulos se passam. Para arrematar o aspecto de edição de colecionador, além dos capítulos inéditos e das ilustrações exclusivas, decidimos pelo formato em capa dura. Vai ser um livro lindo para dar de presente.
– Depois de mais de 10 anos, nos quais você acumulou experiência com esse e outros livros, você vê diferenças significativas no mercado editorial brasileiro?
Uma questão que ficou muito clara para mim nesses 12 anos lançando livros – meu primeiro livro foi Paquistão – Viagem à terra dos puros, um livro-reportagem que saiu pela Editora Globo – foi que o investimento em autores brasileiros pode ser cíclico, à exceção de editoras que tradicionalmente investem na ficção brasileira. Tanto é assim que meus primeiros três livros saíram por três editoras diferentes. E só agora, com essa nova edição de O amor segundo Buenos Aires, que eu sinto que a minha obra começa a ter uma casa. Para não ficar apenas em aspectos negativos, devo dizer que esta edição especial foi costurada entre mim e a editora de forma muito democrática. Passamos por três capas até chegar à ideal, conversamos sobre as ilustrações internas e também sobre a decisão de fazer o livro em capa dura. Foi um processo muito especial.
– Como a experiência em redação de jornal – em um tempo difícil para o negócio como um todo, infelizmente – contribuiu na escrita do livro, antes, e agora, nesta reedição?
Eu acredito que a experiência como jornalista ajuda muito neste salto para a literatura. Uma das vantagens é a capacidade de escrever relativamente rápido e o costume em trabalhar com prazos para a entrega dos textos. É claro que os prazos para livros são bem mais longos, mas, de qualquer maneira, também são um desafio a ser cumprido – e as editoras valorizam muito esse compromisso. Por outro lado, acredito que minha obra tenha um aspecto jornalístico, mesmo nos meus dois livros de ficção. Tanto O amor segundo Buenos Aires quanto Gostaria que você estivesse aqui trazem muito contexto dos locais onde são ambientados – Buenos Aires e Rio de Janeiro, respectivamente. Além disso, há uma pesquisa histórica e de costumes que é intrínseca ao jornalismo e que ajuda a contextualizar esses dois livros. Esse trabalho é uma boa fundação para que eu consiga soltar a imaginação e mergulhar sem medo no íntimo dos personagens.