"Mesmo na Alemanha, temos um debate pedindo subsídios para empresas pequenas que garantam a diversidade", apontou o consultor editorial Rüdiger Wischenbart, moderador da discussão. "Essas empresas não conseguem pagar as próprias despesas", apontou.
A escritora eslovena Tanja Tuma, membra do PEN International, comentou que em seu país um grande sucesso editorial vende cerca de mil cópias. "Sem suporte público, sem a agência oficial do livro, é impossível empatar nas vendas de livros clássicos, por exemplo. Os preços são caros, em média, um livro custa 24 euros. O PIB per capita é metade do austríaco. Sem esse apoio público, poucos novos livros sairiam em esloveno e em outras línguas. No país, já existem formas de ajudar escritores. O ministério tem um programa especial, em que se faz uma aplicação, se for aprovado como escritor/artista, o estado vai pagar por seguros de saúde e bolsas, são 500 euros por mês. Os políticos de políticas culturais têm muita responsabilidade nas escolhas de onde investir esse dinheiro", afirmou.
Ela ainda apontou a necessidade de campanhas de leitura, com incentivos claros em outdoors, comerciais de TV e outras formas. "Eslovênia nunca teve. Os holandeses e finlandeses já fazem, por exemplo".
O editor austríaco Herbert Ohrlinger, da Paul Zsolnay Verlag, foi na mesma linha.
"Na Áustria, existe um sistema nacional de subsídios. Editores podem aplicar para ganhar até 180 mil euros por ano. Sem eles, seria muito difícil, mesmo para um mercado grande como o de língua alemã, trazer os livros para o público. Com esse dinheiro, podemos publicar livros que não publicaríamos de outra forma, especialmente ligados a assuntos mais específicos da Áustria, porque assim não seria possível cruzar a fronteira para a Alemanha", afirmou.
Ele contou uma história que os profissionais brasileiros também conhecem, e estão superando nos últimos tempos, ao afirmar que o mercado editorial local está na mão de uma rede de livrarias apenas, a Thalia. "Sem a Thalia, o mercado seria muito diferente. As livrarias pequenas não seriam capazes de fazer as vendas que ela faz. Estamos na mão dessa rede".
As coisas vão num sentido semelhante na Croácia. "Sem o dinheiro público, é impossível que o mercado editorial funcione em países pequenos", concluiu o editor Nikica Micevski.