Direito ao gozo e à escrita
PublishNews, Redação, 21/09/2023
Mika Andrade foge das catalogações poéticas em novo livro

Ler Mika Andrade, na memória do corpo (Moinhos, 58 pp, R$ 48), é "um convite às eróticas vividas e a se aventurar pelas ainda não vividas", segundo a editora. Ali se encontram, na memória do corpo. Como se ao lê-las, o leitor se deparasse com a poeta em seus atos de amor, tesão e uma escrita que fala sobre esse desejo de escrever. Nos entre mundos de meias-riscas e repetições. O poema, ali, situado no ápice de sua externalização para o mundo, como quem ensaia. Seu nascimento. E vocalização, posto que, quem nasce, gera som no mundo. Voz. Pois chora, e se chora é porque demanda algo. Começando a demandar quem os ouça e os beba, aplacando uma sede e gerando outras. Pois se o poema gera sede ao gerar a si mesmo, a leitura também o faz. E esses poemas têm sede de serem ouvidos e lidos em seus ‘v’ e ‘m.’. Deixando uma sugestão àquele convite, pois a poeta busca em suas geografias a fuga das catalogações – “do desejo”, “do corpo”, “da existência”. Então, quem tiver de vir, que venha. Mas ciente de seu pleno direito ao gozo e à escrita. E não se prenda nas geografias das palavras e, sim, dê as mãos a elas.

Tags: Moinhos, Poesia
[21/09/2023 07:00:00]