Convenção da ANL discute os reais caminhos pela aprovação da Lei Cortez
PublishNews, Talita Facchini, 31/08/2023
Tentar a aprovação do PL 49/2015 pelo Executivo foi o principal tema discutido no painel inaugural da Convenção, que terminou seu primeiro dia com a participação especial de Gilberto e Flora Gil e Daniel Kondo

Daniel Kondo, Gilberto Gil, Alexandre Martins Fontes e Flora Gil na Convenção da ANL | © ANL
Daniel Kondo, Gilberto Gil, Alexandre Martins Fontes e Flora Gil na Convenção da ANL | © ANL
A Convenção Nacional de Livrarias, realizada pela ANL, iniciou sua 31ª edição nesta quarta-feira (30), ocupando a sede da Academia Brasileira de Letras e recebendo cerca de 300 livreiros, editores e profissionais do ramo interessados em ouvir ideias e estratégias criativas para impulsionar o mercado nacional e também celebrar a resiliência do setor.

A primeira mesa do dia começou abordando a importância da Lei Cortez. Mediada por Alexandre Martins Fontes, diretor da Livraria Martins Fontes, a conversa seguiu com a intenção de saber o que pode ser feito para a aprovação da lei sair. “Precisamos, definitivamente, de uma indústria, um mercado mais forte, e isso passa, na minha visão, pela aprovação da Lei Cortez”, disse.

A unanimidade entre os participantes do painel – Sevani Matos (CBL), João Scortecci (Abigraf-SP), Dante Cid (SNEL) e Marcus Teles (ANL) – foi sobre a questão da opinião pública. “Temos uma questão cultural de achar que o livro tem que ter desconto. Então, parte do trabalho é no marketing, de mostrar que o livro é um produto que tem muito valor”, comentou Sevani.

Mesmo com os diversos painéis já ouvidos pelos profissionais em relação a aprovação e importância da Lei Cortez, pessoas do próprio setor ainda desconhecem os detalhes do projeto. Na página do PL no Senado Federal (PL 49/2015), a votação a favor ou contra a Lei conta apenas com 6.559 votos, sendo 3.942 deles pelo Não.

A segunda unanimidade da mesa, portanto, foi a conclusão de que é preciso trabalhar com a opinião de senadores e deputados, os responsáveis pela aprovação da lei. “A estratégia tem que ser de cima para baixo. Temos que fazer uso da força que o setor tem para convencer quem tem que ser convencido, porque não temos tempo de convencer e transformar a opinião pública”, afirmou Alexandre.

Para isso, uma estratégia seria seguir pelo Poder Executivo. “Vejo como o mais prático”, disse Dante, lembrando que já foi algo tentado por Marcos da Veiga Pereira, quando esteve à frente da entidade (SNEL), e que pareceu promissor. “Acredito que devemos trabalhar com mais força nessa direção. Se temos uma chance de fazer acontecer pelo Executivo, essa chance está nesse governo”, concluiu Martins Fontes.

Marcus Teles, presidente da ANL | © ANL
Marcus Teles, presidente da ANL | © ANL
No início do ano, as entidades do livro se juntaram para lutar pelo desarquivamento do PL, o que ocorreu com sucesso – apesar do curto tempo. Agora, o esforço é fazer com que o projeto entre para votação, o que, na visão otimista de Marcus Teles, pode acontecer até o próximo ano, e com um resultado positivo. “O difícil foi desarquivar. Agora que desarquivou, só temos é que fazer com que mais deputados conheçam o projeto. E a Comissão de Educação, Cultura e Esporte que é a única que falta, é a que eu acho que mais tem condição de apoiar a causa do livro”, disse.

A conversa seguiu reforçando outros pontos que passam pelo tema da Lei Cortez: segundo o painel, em países que contam com leis parecidas, o preço do livro acabou caindo, mais livrarias surgiram e a opinião pública mudou com o tempo; a lembrança de que a luta da lei é pelo aumento da concorrência. “Queremos manter a concorrência, e consequentemente, o crescimento do mercado e das livrarias”, reafirmou Teles; e a lembrança de que enquanto a Lei não é aprovada, editoras e livrarias podem sim adotar métodos para colocar essas ideias na prática.

Na Academia Brasileira de Letras, público acompanha a Convenção da ANL | © ANL
Na Academia Brasileira de Letras, público acompanha a Convenção da ANL | © ANL
Gilberto Gil

O primeiro dia de Convenção terminou de maneira leve com a presença do músico e imortal da ABL, Gilberto Gil – ao lado de Flora Gil e do ilustrador Daniel Kondo. Em um bate-papo descontraído, Kondo e Alexandre Martins Fontes apresentaram as obras Andar com fé e Nós, a gente, escritas por Gil, ilustradas por Kondo e publicadas pela WMF Martins Fontes.

Gil contou como surgiu a ideia dos livros – Nós, a gente, por exemplo, nasceu após a também cantora Preta Gil lamentar nunca ter viajado com os pais na turnê europeia – e Flora animou a plateia ao contar a dinâmica e os bastidores da família Gil e das séries Em casa com os Gil e Viajando com os Gil, disponíveis na Prime Video.

Ricardo Arcon, diretor-executivo do PublishNews, é o anfitrião do evento, que continua nesta quinta-feira (31). O PN é parceiro de mídia da Convenção.

[31/08/2023 11:00:00]