A primeira mesa do dia começou abordando a importância da Lei Cortez. Mediada por Alexandre Martins Fontes, diretor da Livraria Martins Fontes, a conversa seguiu com a intenção de saber o que pode ser feito para a aprovação da lei sair. “Precisamos, definitivamente, de uma indústria, um mercado mais forte, e isso passa, na minha visão, pela aprovação da Lei Cortez”, disse.
A unanimidade entre os participantes do painel – Sevani Matos (CBL), João Scortecci (Abigraf-SP), Dante Cid (SNEL) e Marcus Teles (ANL) – foi sobre a questão da opinião pública. “Temos uma questão cultural de achar que o livro tem que ter desconto. Então, parte do trabalho é no marketing, de mostrar que o livro é um produto que tem muito valor”, comentou Sevani.
Mesmo com os diversos painéis já ouvidos pelos profissionais em relação a aprovação e importância da Lei Cortez, pessoas do próprio setor ainda desconhecem os detalhes do projeto. Na página do PL no Senado Federal (PL 49/2015), a votação a favor ou contra a Lei conta apenas com 6.559 votos, sendo 3.942 deles pelo Não.A segunda unanimidade da mesa, portanto, foi a conclusão de que é preciso trabalhar com a opinião de senadores e deputados, os responsáveis pela aprovação da lei. “A estratégia tem que ser de cima para baixo. Temos que fazer uso da força que o setor tem para convencer quem tem que ser convencido, porque não temos tempo de convencer e transformar a opinião pública”, afirmou Alexandre.
Para isso, uma estratégia seria seguir pelo Poder Executivo. “Vejo como o mais prático”, disse Dante, lembrando que já foi algo tentado por Marcos da Veiga Pereira, quando esteve à frente da entidade (SNEL), e que pareceu promissor. “Acredito que devemos trabalhar com mais força nessa direção. Se temos uma chance de fazer acontecer pelo Executivo, essa chance está nesse governo”, concluiu Martins Fontes.
A conversa seguiu reforçando outros pontos que passam pelo tema da Lei Cortez: segundo o painel, em países que contam com leis parecidas, o preço do livro acabou caindo, mais livrarias surgiram e a opinião pública mudou com o tempo; a lembrança de que a luta da lei é pelo aumento da concorrência. “Queremos manter a concorrência, e consequentemente, o crescimento do mercado e das livrarias”, reafirmou Teles; e a lembrança de que enquanto a Lei não é aprovada, editoras e livrarias podem sim adotar métodos para colocar essas ideias na prática.
O primeiro dia de Convenção terminou de maneira leve com a presença do músico e imortal da ABL, Gilberto Gil – ao lado de Flora Gil e do ilustrador Daniel Kondo. Em um bate-papo descontraído, Kondo e Alexandre Martins Fontes apresentaram as obras Andar com fé e Nós, a gente, escritas por Gil, ilustradas por Kondo e publicadas pela WMF Martins Fontes.
Gil contou como surgiu a ideia dos livros – Nós, a gente, por exemplo, nasceu após a também cantora Preta Gil lamentar nunca ter viajado com os pais na turnê europeia – e Flora animou a plateia ao contar a dinâmica e os bastidores da família Gil e das séries Em casa com os Gil e Viajando com os Gil, disponíveis na Prime Video.
Ricardo Arcon, diretor-executivo do PublishNews, é o anfitrião do evento, que continua nesta quinta-feira (31). O PN é parceiro de mídia da Convenção.