
Grandes editoras do mercado editorial nacional já estão na nova rede social da Meta, como a Companhia das Letras (64 mil seguidores), a Intrínseca (79 mil seguidores), Rocco (52 mil seguidores), Sextante (31 mil seguidores), Grupo Editorial Record (13 mil seguidores), Ubu (11 mil seguidores) e Antofágica (10 mil seguidores).
"Como uma editora nativa digital, sempre ficamos atentas às novidades das redes sociais, então, quando o Threads chegou, aproveitamos a oportunidade para entender melhor a plataforma", comenta Mayra Medeiros, coordenadora de Marketing da Antofágica, uma das editoras que já marca presença na plataforma.

O aplicativo possui um procedimento ágil de importação dos dados e dos contatos do Instagram. Essa facilidade na importação de dados pode explicar, inclusive, o alto número de seguidores dos perfis, mesmo com o curto tempo do aplicativo no ar. "Em menos de uma semana já atingimos quase 10 mil seguidores, o que é impressionante dado o curto tempo de existência da rede", conta Mayara. O mesmo ocorreu com a editora Intrínseca: em menos de 12 horas após a criação do perfil, ele já contava com 30 mil seguidores, como explica Vanessa Oliveira, gerente de marketing da editora.
Desde a compra do Twitter por Elon Musk em 2022, as demissões em massa, os limites de leitura, compra de verificados, a promessa de uma "luta" com Mark Zuckerberg – todos esses fatores criaram uma turbulência na empresa e no funcionamento da sua rede. Ainda que o pouco tempo do Threads não permita confirmar o "sucesso" da plataforma, o crescimento das ações da Meta no mercado indica que o site tem obtido bons resultados financeiros e demonstrado uma visão geral de otimismo em torno da nova rede.
Mesmo com esse cenário, ainda não é possível ter certeza de sucesso em um investimento na plataforma. Esse é o caso do grupo Ediouro, que optou por ainda não adentrar no terreno do Threads. Vinicius Barreto, especialista de marketing do grupo, comenta sobre a opção: "Precisamos ver se a comunidade realmente está lá. Já vimos outras redes surgirem e não engajarem, né? E entrar por entrar, sem ter um trabalho diário, de fato, não faz muito sentido".
O feed do aplicativo em si é bastante intuitivo e se mostra como a principal diferença com o rival de Elon Musk. A coordenadora da Antofágica observa também uma semelhança com o TikTok: "O jeito que o feed funciona – mostrando publicações de diversos usuários, de maneira similar ao “Para você” (For You) do TikTok – é uma ótima forma de furar a bolha e alcançar novas pessoas, de maneira orgânica". O feed do Threads não é dividido em duas opções, como no Twitter, e mostra as postagens sem uma ordem cronológica.
Vanessa Oliveira, da Intrínseca, reforça a relevância do Twitter dentro da dinâmica comercial da comunicação da editora: "Não tem comparação com o volume de interações (entre Threads e Twitter). Nossas campanhas têm conteúdos exclusivos para o Twitter, onde acompanhamos de perto os resultados, mantemos as conversas, fazemos gincanas e sorteios e temos um belo histórico de publicidade também". Ainda que o Threads tenha se mostrado lucrativo e possibilite um crescimento quase instantâneo para novos participantes, ainda não é possível identificar um movimento definitivo no setor editorial.

* Estagiária sob a supervisão de Guilherme Sobota