Um relato íntimo
PublishNews, Redação, 05/06/2023
Inspirado em Annie Ernaux, relato autobiográfico de Colombe Schneck busca trazer o tema do aborto para a literatura

Em Dezessete anos (Relicário, 80 pp, R$ 52,90 – Trad.: Isadora Pontes e Laura Campos), Colombe Schneck estabelece um diálogo direto com a escritora Annie Ernaux, Prêmio Nobel de Literatura. A ideia do livro surge como resposta ao que Schneck descreve como uma espécie de convocação de sua antecessora: “Senti como se ela se dirigisse a mim. Eu precisava contar o ocorrido naquela primavera de 1984”. Era preciso falar sobre a experiência do aborto, um dos atos mais frequentes e, também, mais secretos na história das mulheres. Assim, tal obra, agora no Brasil, traz uma importante contribuição a respeito desse tema tabu, sobre o qual tão pouco se falou na literatura e que envolve interditos ligados ao corpo da mulher. Convivendo em uma vida familiar liberal e progressista, a narradora é livre para viver seus gostos, suas escolhas e seus amores. Sua condição feminina, no entanto, impõe um limite antes desconhecido, fazendo-a adentrar de forma abrupta o mundo dos adultos, ou, mais especificamente, o das mulheres e sua condição reprodutiva sempre legislada. A jornalista e escritora francesa Colombe Schneck é uma das mais importantes de sua geração. Possui uma obra com forte teor autobiográfico, plena de narrativas de filiação, relatos de infância, autoficções e romances autobiográficos. Dezessete anos foi lançado na França em 2015 e é o primeiro livro de Schneck a ser publicado no Brasil.

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[05/06/2023 07:00:00]