Um casal de escritores de Santana do Parnaíba (SP) está processando a Netflix com uma acusação de plágio de um livro publicado de forma independente em 2018. Os autores pedem uma indenização de R$ 70 milhões para a companhia por conta do lançamento do filme Depois do universo, de 2022.

João Ribeiro e Lidia Ribeiro divulgaram em 2018 para venda na Amazon um livro com o título Juilliard – A arte do amor. Na loja, a sinopse do livro conta que o romance traz a história de um casal que enfrenta problemas para frequentar a célebre escola de arte: a personagem principal, chamada Julie, tem uma doença "de sangue", e um rapaz vai ajudá-la a enfrentar essa questão para ela realizar seu sonho.

Já a sinopse do filme lançado pela Netflix em 2022 diz: "enquanto aguarda um transplante de rim, uma jovem pianista sente uma conexão inesperada com seu médico e ganha coragem para realizar seus sonhos musicais".

João, que é português e vive no Brasil, conta que assistiu ao filme e se deu conta das similaridades imediatamente. Ele assina o livro com um pseudônimo, junto com a esposa. O casal decidiu então contratar um escritório de advocacia (Kiyomura Sociedade de Advogados) e eles entraram com um processo na comarca da cidade onde vivem, em janeiro de 2023.

Uma decisão preliminar, do dia 13 de fevereiro, assinada pela juíza Natália Assis Mascarenhas, requereu, antes de dar prosseguimento ao processo, que os autores provassem a autoria (já que o livro é assinado por um pseudônimo). Ela também negou o pedido de "justiça gratuita", ou seja, para que não houvesse necessidade de arcar com os custos do processo.

Antes de entrar com o processo, os autores contam que questionaram a Netflix e a produtora do filme, mas não houve respostas satisfatórias. Na ação, os escritores apontam 70 semelhanças entre o livro e o filme. Algumas delas: as personagens das duas obras passaram a maior parte da infância no hospital, convivem com apenas um membro da sua família, não têm tempo para o amor, têm o sonho de se dedicarem à sua arte, buscam uma escola de música, tocam um piano imaginário, entre outras.

O alto valor solicitado, segundo a ação, se deve ao fato de que o filme alcançou o top 10 da plataforma de streaming em diversos países.

O PublishNews entrou em contato com a Netflix sobre o caso, mas não obteve resposta até a publicação desta nota.