Segundo o presidente da rede Leitura, Marcus Teles, “a Leitura deve continuar seu plano de expansão. Em 2023 devemos inaugurar cinco novas lojas e fechar dois pontos comerciais sem rentabilidade. Terminamos 2022 com 99 lojas físicas e a loja on-line, e devemos encerrar este ano com 102 lojas físicas, mantendo o crescimento e aumentando nossa liderança entre as livrarias".
Teles também indicou investimentos para aumentar vendas pela internet, buscando colocar a rede "entre os três maiores players brasileiros de livrarias on-line, com vendas integradas em mais de 90 lojas no nosso site e em outros marketplaces”.
Ainda sem adiantar planos, a Amazon disse que as promoções de volta às aulas são só um começo para o setor de Books da empresa. "Procuramos nos antecipar para ofertar todos os títulos que os estudantes pudessem precisar, pois sabíamos que a procura seria ampla e diversa. Disponibilizamos diferentes coleções que estavam em alta no currículo dos estudantes, como “Aprender Juntos”, “Buriti Plus”, “Caminhar Juntos”, entre outros títulos, inclusive obras universitárias", explica o gerente-geral de Livros da Amazon Brasil, Ricardo Perez.
Outro assunto comentado durante as entrevistas foi a crise nas Lojas Americanas. Enquanto a Amazon não quis comentar sobre o assunto e evitou falar de concorrência, o presidente da Leitura disse que o tropeço da varejista pode ser uma fator para livrarias, inclusive físicas, aumentarem suas vendas em materiais escolares.
Confira a entrevista com Marcus Teles, presidente da rede Leitura
PublishNews: Quais são as expectativas e impressões até agora da venda de volta às aulas?
Marcus Teles: Janeiro e a primeira semana de fevereiro foram muito bons em vendas. Na Leitura, estamos crescendo mais de 45% comparando com 2022, que foi um bom ano, mas com queda em janeiro e fevereiro comparados com 2020. O início de 2023, quando comparado com 2020 foi de boa recuperação, corrigindo a inflação, com venda real pouco acima dos níveis pré-pandêmicos, crescendo principalmente no material escolar e livros infanto-juvenis. Os livros didáticos tiveram perdas, principalmente porque durante e após a pandemia parte das escolas migraram do livro didático para os chamados “sistemas de ensino”.
PublishNews: Você notou alguma diferença nas compras do ano de 2023 comparadas às dos anos anteriores? O padrão de consumo dos estudantes mudou?
Marcus Teles: Cresceram os itens de papelaria, com produtos de maior valor agregado como cadernos inteligentes, argolados e conjuntos de canetas e lápis com cores variadas. Também, como dito anteriormente, aumentou a adoção dos sistemas de ensino. As crianças e jovens estão lendo mais, principalmente livros escolhidos por eles próprios, com destaque também para séries e livros divulgados nas mídias sociais.
PublishNews: As editoras de livros didáticos estavam aguardando o momento de retomada da economia no pós-pandemia. Quais as consequências que você já está observando nessa leva de livros educativos?
Marcus Teles: Durante as aulas on-line algumas escolas migraram para sistemas de ensino. Os livros didáticos tradicionais tiveram quedas.
PublishNews: Quais as expectativas da Leitura para 2023?
Marcus Teles: A Leitura deve continuar seu plano de expansão. Em 2023 devemos inaugurar cinco novas lojas e fechar dois pontos comerciais sem rentabilidade. Terminamos 2022 com 99 lojas físicas e a loja on-line, e devemos encerrar este ano com 102 lojas físicas, mantendo o crescimento e aumentando nossa liderança entre as livrarias. Além disso, estamos investindo fortemente para incrementar ainda mais as vendas pela internet, ficando provavelmente entre os três maiores players brasileiros de livrarias on-line, com vendas integradas em mais de 90 lojas no nosso site e em outros marketplaces.
PublishNews: Como a crise nas Lojas Americanas vai impactar no setor e, principalmente, como já está impactando?
Marcus Teles: As Americanas e B2W eram, provavelmente, a segunda loja on-line na venda de livros (e talvez a terceira ou quarta no varejo de livros como um todo), e deve perder quase a metade deste mercado, que deve ser absorvido por outras lojas on-line e livrarias físicas. Cerca de 100 editoras entraram na recuperação judicial com um valor a receber de aproximadamente 103 milhões de reais. Este débito deve provocar uma diminuição de crédito e estoques na B2W. No total deve perder share no varejo de livros e relevância no mercado editorial. As livrarias físicas também poderão melhorar sua performance em materiais escolares, onde as Americanas eram um dos varejistas mais importantes.