Dívida da Americanas com editoras chega a R$ 85 milhões
PublishNews, Guilherme Sobota, 26/01/2023
21 editoras têm pelo menos R$ 1 milhão em créditos; no total, a dívida divulgada pela varejista com seus credores é de R$ 41 bilhões

Dívida total da Americanas com credores chega a R$41 bilhões | © Gustavo Lacerda/Divulgação
Dívida total da Americanas com credores chega a R$41 bilhões | © Gustavo Lacerda/Divulgação

A dívida que as Lojas Americanas – agora em recuperação judicial – têm com as editoras brasileiras chega pelo menos a R$ 85 milhões, segundo apuração do PublishNews*. A loja apresentou a lista de credores perante o juízo da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, nos autos da recuperação judicial da Companhia e de suas subsidiárias, nesta quarta-feira (25). Constam ao menos 76 editoras na relação.

As maiores dívidas são com os grupos Somos Educação (R$14,2 milhões), Companhia das Letras (R$ 7,2 milhões) e Record (R$ 6,8 milhões), seguidas de Intrínseca (R$ 5,9 milhões), Sextante e Panini (R$ 5 milhões), Rocco, Arqueiro, HarperCollins e FTD (estas com cerca de R$ 3 milhões a receber). Dezoito editoras têm pelo menos R$ 1 milhão em créditos. Outros setores do mercado editorial – como as distribuidoras, que não foram incluídas nesta conta – também serão impactados.

Na terça-feira (24), o TJ-RJ suspendeu o bloqueio do valor de cerca de R$ 1,2 bilhão que a Americanas devia ao Banco BTG, até o julgamento do mérito. O Juízo da 4ª Vara Empresarial também garantiu às Americanas, em depósito judicial, os valores que haviam sido bloqueados pelos bancos Safra e Votorantim.

No total, a dívida divulgada pela Americanas com seus credores é de R$ 41 bilhões, e os maiores credores em valor são os bancos, como o Deutsche Bank e o Bradesco, entre outros. Ainda existe a possibilidade de alteração nas informações, por conta do pouco tempo hábil entre a divulgação do “rombo” nas contas, no dia 11 de janeiro, e o pedido de recuperação judicial.

Na categoria de serviços e produtos, o maior credor é a Samsung, com R$ 1,2 bilhão na dívida. A Nestlé tem R$ 259 milhões a receber.

A situação das editoras com as Americanas será um dos temas da próxima reunião mensal da diretoria do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), no dia 8 de fevereiro. Em contato com o PublishNews nesta quinta-feira, o presidente do SNEL, Dante Cid, comentou que as editoras não estarão no topo da lista dos credores, mas que, com a experiência recente das recuperações judiciais de Saraiva e Cultura, vão saber lidar bem com a situação.

“Felizmente, o montante (para as editoras) é de uma escala bem menor”, afirma. “Num primeiro momento, vejo como ação das editoras passar a vender apenas à vista e deixar de vender a crédito, pelo menos até se definir como vai ser a RJ. Vejo a Americanas vendendo os estoques e depois dependendo dessa compra à vista”, comentou, sobre a relação da varejista com as casas editoriais.

Ele explica que nem sempre os planos de recuperação judicial priorizam o pagamento dos credores com maior montante nominal – o que poderia ser benéfico para as editoras – mas é necessário aguardar novas definições.

De acordo com o Estadão, analistas de mercado avaliam que o aporte proposto pelo principal trio de acionistas das Americanas – R$ 6 bilhões – seria insuficiente para manter a companhia funcionando, e que se não houver uma indicação de aumento nesse número, a loja poderia caminhar para a falência e consequente extinção da marca.

Fontes ouvidas pelo PublishNews na semana passada já avaliavam que o impacto nos negócios seria consideravelmente menor do que o que ocorreu com as crises de Saraiva e Cultura, mas existe, sim, preocupação, especialmente com o marketplace on-line.

Em 2018, a dívida declarada da Saraiva para a sua recuperação judicial era de R$ 674 milhões, boa parte dela com as editoras.

Principais dívidas das Americanas com editoras:

  • Somos Educação: R$ 14,1 milhões
  • Companhia das Letras: R$ 7,2 milhões
  • Record: R$ 6,8 milhões
  • Intrínseca: R$ 5,9 milhões
  • Sextante: R$ 5 milhões
  • Panini: R$ 5 milhões
  • Rocco: R$ 3,7 milhões
  • Arqueiro: R$ 3,1 milhões
  • HarperCollins: R$ 3,1 milhões
  • FTD: R$ 2,9 milhões
  • Nova Fronteira: R$ 2,9 milhões
  • Thomas Nelson Brasil: R$ 2,5 milhões
  • Citadel: R$ 2,3 milhões
  • Planeta: R$ 2,3 milhões
  • Ciranda Cultural: R$ 2,2 milhões
  • Saraiva Educação: R$ 1,6 milhão

*Esta matéria foi atualizada às 16h30 de 27/1/2023. Uma versão anterior informava um valor de R$64 milhões. Uma versão também informava que a Editora Vida tinha um crédito, o que não é verdade. A informação foi corrigida.

[26/01/2023 12:00:00]