História perdida em mortes
PublishNews, Redação, 07/12/2022
Lançado pela editora Reformatório, a busca pela história de um obituarista mergulha dentro dos arquivos sobre mortes inusitadas, buscando os pedaços de Ataliba

Fefo narra a história de Ataliba, jornalista especializado em obituários, com quem aprendeu a arte da escrita jornalística e que passou a ser seu modelo de vida. O jovem Fefo herda de Ataliba o estilo e a técnica de produzir obituários, e o seu bem mais precioso, um arquivo com centenas de pastas, cada qual com a pesquisa sobre mortes inusitadas, mas que passaram despercebidas, mortes mundanas de pessoas comuns, desconhecidas. Os obituários de Ataliba dão voz aos mortos, e são debatidos por um grupo de amigos que se reúne no cemitério Araçá. Entre eles, Lázaro, funcionário burocrata do cemitério que sonha em abrir um sebo de livros, Ide, uma senhora aposentada, acumuladora compulsiva que frequenta bailes da terceira idade, Grego, um policial aposentado, investigador por opção, e uma professora de português desencantada com a vida. Todos juntam-se a Fefo e Ataliba, para conversar sobre os obituários, sobre a morte e, mais ainda, sobre a vida. Com a morte de Ataliba, Fefo passa a narrar as lembranças que tem sobre a vida do amigo. São imagens fragmentadas, que tenta recompor, reconstruindo o todo a partir dos pedaços. O objeto reconstruído nunca é idêntico ao original, pelo contrário, carrega as marcas das cicatrizes revelando onde as partes foram rejuntadas e coladas. Na busca pelas partes quebradas da cerâmica, Fefo encontra novas histórias e personagens, colando assim cada pedaço; mas faltava uma parte, perdida dentro do O arquivo dos mortos: histórias de um obituarista (Reformatório, 360 pp, R$ 64).

[07/12/2022 07:00:00]