As lições que ficam do encontro de editores, livreiros, distribuidores e gráficos
PublishNews, Talita Facchini, 31/10/2022
A programação discutiu os temas mais relevantes da atualidade para o setor, mas além de ideias, o que se espera também é ação

O encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos, com o tema O livro que nos une, terminou na última sexta (28) depois de discutir durante três dias temas caros ao setor como, por exemplo, o cenário político, a Lei Cortez, inovações, tecnologia e a sinergia entre a cadeia como um todo. Foram mais de 40 palestrantes, 16 horas de imersão de conteúdos e com a presença de 270 profissionais do setor editorial. Mas o que realmente fica de lição?

Em praticamente todos os painéis, o que se ouviu foi a frase de que “o setor nunca esteve tão unido”, porém, para além das falas, é preciso ação.

A crítica às feiras universitárias com grandes descontos é um exemplo. Se foi debatido – em consenso pela grande maioria presente no evento – de que o modelo não é saudável para editoras pequenas e livrarias, quais atitudes efetivamente podem ser tomadas para mudar a situação? E enquanto a Lei Cortez não sai do papel, como trabalhar em conjunto para manter descontos justos e ainda impulsionar as pequenas livrarias?

No encerramento do encontro, o diretor da Livraria da Vila, Samuel Seibel, a diretora das Livrarias Curitiba, Elga Pedri e a diretora da ABDL, Corina Campos, falaram sobre as perspectivas e futuro das livrarias físicas. De uma conversa com uma pessoa na plateia, Elga trouxe uma resposta sobre o motivo de as livrarias físicas ainda permanecerem em atividade e se mostrarem até em crescimento em algumas cidades.

“Uma pessoa aqui no evento me contou que abriu uma livraria há dois meses. Ela está confiante de que a experiência que ela consegue passar ao leitor sobre um livro, um autor e o tratamento que o cliente vai receber na loja dela, vão garantir a fidelidade à loja dela”, contou.

A diretora da ABDL, Corina lembrou também que a livraria é um ambiente inclusivo, onde todas as pessoas são recebidas sem diferenciação. “A livraria recebe sem preconceitos e, onde não for assim, é preciso que passe a ser. Existe afeto no hábito de frequentar e também pela livraria. Quem vende precisa entender e corresponder a isso”.

No mais, a programação do encontro conseguiu agradar os diferentes elos da cadeia, tendo ainda mesas sobre como melhorar a conexão entre gráficas e editoras e as possibilidades de inovação e interatividade do livro impresso com o mundo digital, o uso de materiais digitais em escolas públicas e privadas, como o mercado do vinho se popularizou nos últimos anos e quais lições podemos tirar como exemplo, as oportunidades para editores e livreiros no metaverso e ainda uma aula sobre como usar o TikTok a favor de editoras e livrarias.

“É sobre entender o que essa nova geração deseja e se arriscar para fazer mudanças e não ficarmos para trás”, disse Rafaella Machado, editora executiva da Galera Record e Sócia do Grupo Editorial Record durante a mesa sobre a plataforma, enquanto Carlos Roberto Jacomine, diretor da Abigraf, frisou em sua participação que "fazemos parte de uma cadeia, e se não cuidarmos de todos os elos, ela pode se quebrar". As frases podem servir de lição para resumir o encontro. Se há sinergia e união entre o mercado, que haja também atitude para mudar o que incomoda.

O Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos foi realizado no Royal Palm Plaza Resort Campinas, com organização da Câmara Brasileira do Livro e o apoio das principais entidades do setor: Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), Associação Nacional de Livrarias (ANL), Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP), Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), Liga Brasileira de Editoras (Libre) e Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu).

[31/10/2022 08:00:00]