
Um painel esperado por muitos reuniu Lizandra Almeida (CEO da editora Jandaíra), Marcos da Veiga Pereira (presidente da Sextante e vice-presidente da SNEL), Marcus Teles (CEO da Livraria Leitura) e Paulo Victor (diretor da Inovação Distribuidora) para uma “sessão de terapia”.
Na conversa, era esperado que cada um desse seu ponto de vista sobre o setor, abrangendo pequenas e grandes editoras e livrarias. Com duas horas de duração, a mesa contou ativamente com a participação dos presentes que fizeram perguntas e apontaram outros temas e problemas que percorrem o mercado editorial e livreiro.
Para Lizandra, o mundo perfeito seria um mercado grande para que pudéssemos, por exemplo, lutar para não haver aumento do papel, colocar mais pressão no Congresso e ainda conseguir que o livro seja valorizado pelo que ele é. Almeida falou também sobre a situação da sua editora pequena, e da dificuldade de uma maior visibilidade em todas as livrarias.
Em sua fala inicial, Marcos Pereira pontuou que em sua opinião o mercado saudável tem a união de todas as entidades. “Essa união, essa comunicação é o embrião de tudo, nossa grande luta é pelo crescimento da leitura no Brasil”, disse.
Do ponto de vista da distribuição, Victor acredita que o setor deve voltar no tempo para redescobrir o básico: o valor do livro, saber como funciona toda a cadeia, estudar preços e respeitar o papel da distribuidora. “Se quisermos ter uma cadeia forte, constante, temos que saber quem vende para quem, cada um respeitando o outro”.
“A gente, em primeiro lugar, quer um mercado maior, com as pessoas lendo mais”, reformou Marcus Teles. “E depois vem a organização da cadeia”. O dono da Leitura citou a Amazon e sobre a difícil concorrência com a gigante de Seattle. “Enquanto não sai a Lei Cortez, acho que o mercado deve tentar controlar um pouco mais essas distorções no preço”.
A conversa passou ainda sobre o tema das editoras decidirem vencer direto on-line. “Venda, mas mantenha o desconto do mercado, mantenha a competição com as livrarias”, disse Teles.
No ponto de vista de uma editora, Lizandra pontuou que para as menores, sem o próprio site, o negócio não vai para frente e trouxe para o debate outro tema polêmico: as feiras com grandes descontos.
“Ir nas feiras tipo a da USP, com os descontos que eles praticam, nós não vamos. Não vamos porque não vale mais a pena”, disse lembrando que para as editoras grandes entram nessas férias e acabam apagando as pequenas com a concorrência. “Sabemos que as feiras têm sua importância, mas temos que discutir para não haver esse exagero”, acrescentou Marcus.
Representando uma grande editora, Marcos Pereira disse que o que falta é todo mundo alinhar os discursos e cada um fazer sua lição de casa. Ele deu o exemplo da própria Sextante, que aplica os mesmos descontos para todos. “Me dá orgulho ver que o desconto da Sextante é o menor do mercado brasileiro”.
Seguindo no tema, Victor contou que as distribuidoras têm um pacto para quando identificarem editoras que dão esses descontos maiores e diferentes para cada cliente, eles cortam o fornecimento e tentam conversar para reverter a situação. O respeito pela consignação, fazendo com que seja um processo aberto e justo também fez parte da conversa.
Entrando para o debate, Wendel Almeida, da Catavento, lembrou que é necessário correr para que os livreiros tenham uma maior visibilidade e assumir o compromisso de fazer com que a BookInfo esteja em todos os pontos de venda do Brasil, tema discutido mais cedo na mesa Conectividade e transparência no ecossistema do livro, que analisou as ferramentas tecnológicas que ajudam a criar uma cadeia mais autônoma e que dão ao setor mais transparência e conectividade.