EUA registram 1.648 livros banidos das escolas nos últimos 12 meses
PublishNews, Thales de Menezes, 20/09/2022
Relatório da PEN America aponta que obras com personagens negros ou inseridos no universo LGBTQIA+ formam a imensa maioria das obras censuradas nas bibliotecas do país

Biblioteca em escola de Los Angeles | © Divulgação PEN America
Biblioteca em escola de Los Angeles | © Divulgação PEN America
A entidade PEN America divulgou um relatório que aponta 2.532 casos de livros banidos em escolas dos EUA num período de 12 meses, entre julho de 2021 e junho de 2022. O total de livros afetados chega a 1.648, porque alguns títulos foram vítimas de proibição em várias escolas diferentes. É um aumento de 250% em relação ao período anterior.

A PEN América, fundada em 1922 e sediada em Nova York, é uma organização sem fins lucrativos que defende e celebra a liberdade de expressão nos EUA e no mundo, promovendo o avanço da literatura e o respeito aos direitos humanos. Segundo a entidade, as proibições de livros nas escolas americanas crescem num ritmo cada vez mais rápido, atingindo notadamente livros com protagonistas negros, que tratem de questões de raça ou tenham personagens inseridos no universo LGBTQIA+.

O relatório Proibido nos EUA: o movimento crescente para a censura de livros nas escolas, que pode ser acessado neste link, identifica pelo menos 50 grupos que defendem proibições em nível nacional, estadual ou local, grupos esses envolvidos em esforços coordenados para o banimento dos títulos. Além deles, a PEN dá como certa a existência de centenas de grupos locais de pais e de comunidades com um papel influente nas proibições.

“Nosso relatório demonstra que a onda de proibições de hoje representa uma campanha coordenada para banir livros que está sendo promovida por organizações sofisticadas, de caráter ideológico e com muitos recursos”, diz na apresentação da pesquisa Suzanne Nossel, CEO da PEN. "Esse movimento de censura está transformando nossas escolas públicas em campos de batalha política, criando rupturas nas comunidades e ameaçando os empregos de professores e bibliotecários que se sentem investigados em seus trabalhos”, acrescenta.

Entre os 1.648 títulos atacados, 674 (41%) envolvem temas LGBTQIA+ ou têm protagonistas ou personagens secundários que são LGBTQIA+, enquanto 659 títulos banidos (40%) apresentam protagonistas ou personagens secundários de cor. Já 338 títulos banidos (21%) abordam diretamente questões de raça e racismo. Os pesquisadores conseguiram relacionar 40% das proibições relatadas a pressões evidentemente políticas. O Texas ficou em primeiro lugar entre os Estados americanos que mais registraram ações de banimento de livros em escolas, com 801 casos, seguido da Flórida (566) e da Pensilvânia (457).

Na divisão por gêneros, 75% dos livros banido são de ficção, enquanto 24% estão na categoria não ficção, sobrando 1% para obras de poesia. Há livros “campeões” em censura, como Gender Queer: a memoir, de Maia Kobabe (41 banimentos), All boys aren´t blue, de George M. Johnson (29 casos), e Out of darkness, de Ashley Hope Pérez (24 casos).

A PEN define a proibição de livros escolares como “qualquer ação tomada contra um livro com base em seu conteúdo e como resultado de desafios dos pais ou da comunidade, decisões administrativas ou em resposta a uma ação direta ou ameaçada por legisladores ou outros funcionários governamentais, que leve a um livro anteriormente acessível sendo completamente removido da disponibilidade para os alunos, ou onde o acesso a um livro é restrito ou reduzido”.

O relatório é divulgado durante a "Semana dos Livros Banidos 2022", que começou no domingo (18) e vai até o próximo sábado, promovida anualmente pela Associação Americana de Bibliotecas. O evento celebra a liberdade de leitura e chama atenção para os malefícios da censura através de várias atividades de resistência nas bibliotecas dos EUA.

[20/09/2022 12:00:00]