Arnaldo Jabor morre aos 81 anos em São Paulo
PublishNews, Thales de Menezes, 15/02/2022
Cineasta e escritor estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde dezembro, depois de sofrer um AVC

Arnaldo Jabor | © Divulgação
Arnaldo Jabor | © Divulgação
Depois de uma carreira premiada como diretor de cinema nos anos 1970 e 1980, iniciada no último período do movimento do Cinema Novo, Arnaldo Jabor transformou-se em best-seller nas livrarias e uma figura destacada na internet. Ele levou para as páginas impressas de jornais e livros o discurso ácido e às vezes cínico de seus comentários de política e comportamento no Jornal da Globo, onde ganhou espaço no papel de cronista de TV no início da década de 1990, momento de retração da produção cinematográfica brasileira.

Jabor morreu no início da madrugada dessa terça-feira (15), em decorrência de um acidente vascular cerebral sofrido em dezembro. Desde então estava internado no Hospital Sírio-Libanês.

Nascido em 12 de dezembro de 1940, no Rio de Janeiro, Arnaldo Jabor fez sua estreia como diretor de longas em 1967, com A opinião pública, seguido de Pindorama (1970). Roteirista de todos os seus filmes, em seguida ele iniciaria uma aproximação ao universo de Nelson Rodrigues (1912-1980). Suas adaptações de Toda nudez será castigada , premiada com o Urso de Prata no Festival de Berlim em 1973, e O casamento, de 1976, foram grandes sucessos de bilheteria.

Seus dois filmes seguintes foram autorais, mas com evidente influência dos personagens desgarrados de Nelson: Tudo bem, em 1978, e Eu te amo, 1980. Este liderou as bilheterias no país, com a presença de Sônia Braga no papel principal, no auge de sua condição de estrela do cinema erótico. Jabor levou ao Festival de Cannes de 1986 o filme Eu sei que vou te amar, e Fernanda Torres ganhou o prêmio de melhor atriz do festival.

Apesar do sucesso nas bilheterias desse filme premiado, Jabor iniciaria então um hiato de 24 anos sem dirigir um longa. retornando apenas em 2010, com A suprema felicidade. Foi seu último trabalho no cinema, sem grande repercussão.

Em 1991, Jabor começou a escrever crônicas para jornais e dividir um espaço de comentários no Jornal da Globo com Paulo Francis e Joelmir Beting. Ele ampliou rapidamente sua participação em outros programas jornalísticos da emissora. A partir de 2000, passou a ser o único comentarista do Jornal Globo.

A ideia de reunir suas crônicas de jornal em livros se transformou em boas vendas. Jabor gerou um punhado de polêmica com opiniões sobre política brasileira e internacional, economia, amor, sexo, comportamento, filosofia e, eventualmente, até sobre cinema. Principalmente a partir do muito comentado e vendido Amor é prosa, sexo é poesia, de 2004, suas ideias passaram a circular intensamente na internet. Um número enorme de textos falsamente assinados por ele ganhou as redes. O fenômeno é comum a outros autores, mas ganhou tamanha dimensão com Jabor que ele dedicou crônicas revoltadas sobre o assunto. Jabor reclamava dessa produção fake e criticava constantemente a era digital. Dizia que não era para ele.

Eis os livros de Arnaldo Jabor:

Os canibais estão na sala de jantar (Siciliano, 1993)
Sanduíches de realidade (Objetiva, 1997)
A invasão das salsichas (Objetiva, 2001)
Amor é prosa, sexo é poesia (Objetiva, 2004)
Pornopolítica (Objetiva, 2006)
Eu sei que vou te amar (Objetiva, 20076)
Amigos ouvintes (Globo Livros, 2009)
O malabarista: os melhores textos de Arnaldo Jabor (Objetiva, 2014)

[15/02/2022 09:50:00]